Lei de Murphy dita sentenças na Seleção
A baixa de Pepe, que se junta às ausências de Rúben Dias e João Cancelo na meia-final do play-off de apuramento para o Mundial sublinha o óbvio: este problema devia ter ficado resolvido em novembro.
Abaixa de Pepe, que testou positivo a covid-19, é a prova de que não há nada que esteja tão mal que não possa ficar consideravelmente pior. Portugal vai enfrentar a Turquia na meiafinal do play-off de acesso ao Mundial sem três dos titulares naturais da defesa: Rúben Dias está lesionado, Cancelo cumpre castigo e Pepe, soube-se ontem, está infetado. É verdade que tanto Cancelo como Pepe deverão estar em condições de disputar a final, que se disputa de hoje a oito dias, mas para isso, claro, é preciso eliminar a Turquia primeiro. Ora, sendo verdade que Portugal tem qualidade suficiente para passar a maior parte do jogo no meio-campo adversário, o facto é que os turcos, que terminaram a fase regular de apuramento no segundo lugar do Grupo G, marcaram 27 golos em 10 jogos e, mesmo descontando os 9 que apontaram nas partidas frente a Gibraltar, têm um ataque mais produtivo do que o português. De resto, se não houvesse outros motivos a justificá-lo, uma equipa que vence os Países Baixos por 4-2 tem sempre de merecer algum respeito. Fernando Santos chamou Tiago Djaló para ocupar a vaga de Pepe nos convocados, provavelmente valorizando o entendimento que possa ter ganho com José Fonte no Lille, embora seja mais utilizado como lateral na equipa francesa. Gonçalo Inácio ou Danilo são as outras opções para completar a dupla do eixo, o que não deixa de refletir as dificuldades que, ao contrário do que acontece noutras posições, a Seleção tem sentido para renovar o lote de centrais de topo à disposição do selecionador. Um problema estrutural que forçosamente passa para segundo plano quando há outros, mais urgentes, para resolver. Ou, neste caso, remediar.