DESFORRA COM AMEAÇA DE ALGO MAIS
O Braga acertou as contas de 2020 com o Rangers e avança para a segunda mão em vantagem na eliminatória, com via aberta para as meias-finais
A sociedade Yan Couto e Iuri Medeiros funcionou em pleno e foi pela direita que o Braga abriu caminho para o golo de Abel Ruiz. O Rangers nunca passou das intenções, apesar dos excessos de velocidade.
O primeiro “round” com o Rangers, com paisagem para as meias-finais da Liga Europa, não correu nada mal ao Braga. A equipa comandada por Carlos Carvalhal esteve quase sempre por cima na partida, resistiu com segurança às sacudidelas dos visitantes e não deixou escapar uma preciosa vitória, à custa de um golo de Abel Ruiz apontado ainda no primeiro tempo, fabricado por uma ala direita de luxo, constituída por Yan Couto e Iuri Medeiros. Tendo por base o jogo com o Benfica, a inclusão do brasileiro emprestado pelo Manchester City foi a grande novidade no onze dos bracarenses, por troca com Paulo Oliveira, e nem se deu pela falta do central na retaguarda porque Fabiano é um curioso anfíbio de rendimento sempre elevado, tanto no corredor como no eixo da defesa. Deu para vingar uma das duas derrotas impostas pelo Rangers há dois anos e os adeptosbracarenses,quetambém travaram um interessante duelo sonoro com os cerca de seis mil escoceses que marcaram presença na Pedreira, bem podem acreditar que este Braga tem capacidade para festejar na segunda mão da eliminatória, marcada para o Estádio Ibrox.
O respeitinho é bonito e o Rangers, sugestionado ou não pelo recente desaire do Benfica no mesmo palco, até manifestou esse sentimento bem cedo, pela forma como se apresentou em campo, em 3x5x2, com o meio-campo recheado de unidades na esperança de igualar as forças dos bracarenses. Em regra, o gigante de Glasgow espraia-se em 4x2x3x1 e Giovanni van Bronckhorst não resolveu meter esse modelo no bolso somente porque deixou de poder contar, por lesão, com o mortífero Morelos. Por ali, há mais opções para a posição de ponta-de-lança e percebeu-se isso já numa fase adiantada do jogo, quando o treinador fez saltar Roofe do banco de suplentes para regressar ao formato habitual, na esperança de pelo menos repor a igualdade no marcador. Era o tudo ou nada do Rangers, mas de pouco valeu porque o Braga foi consistente do princípio ao fim e soube fechar-se quando já parecia quebrar fisicamente, não se ressentindo sequer da saída forçada de Al Musrati, a acusar precisamente desgaste.
Foi um Braga cheio de fôlego e, nem quando o Rangers soltou as “motas” Sakala e Kent, ambos bastante velozes e sempre de olho na baliza à guarda de Matheus, perdeu o sentido de orientação. Pode mesmo dizer-se que a humilhação do Rangers poderia ter assumido proporções maiores, isto se, já depois de Ricardo Horta ter acertado na base do poste, o videoárbitro não tivesse visto uma falta no lance que resultaria num golo (anulado) aAndré Horta, ainda em cima da primeira meia hora do jogo.
O primeiro tempo foi meio caminhoandadoparaumapreciosa vitória e, no plano de Carvalhal, só terá faltado o golpe de misericórdia de Vitinha, lançado para a ponta final. Ficou a intenção misturada com uma valente pancada de um defesa.