O Jogo

BRIOSA DIVIDIDA E CIDADE DIVORCIADA

Inédito: nunca em 88 anos, a Académica nacional ao terceiro escalão tinha descido Técnico Vítor Manuel considera que a despromoçã­o à Liga 3 era “uma morte anunciada” e apela à união da família academista para dar a volta

- RICARDO SOUSA

Nos 88 anos em que disputa as provas nacionais, pela primeira vez a Académica vai participar no terceiro escalão. Vítor Manuel entende que “faltou bom senso e equilíbrio”.

A inédita despromoçã­o da Académica à Liga 3 não deixou ninguém indiferent­e, mas para alguns acabou por nem ser uma surpresa. “O que aconteceu foi uma morte anunciada. Faltou bom senso, equilíbrio e sensibilid­ade para evitar o que aconteceu. Faltou proativida­de. A Académica foi sempre reativa, ao sabor da maré, e quando assim é corre mal. Quando as coisas são mal planeadas, mal estruturad­as… Eu tinha este sentimento que mais tarde ou mais cedo podia acontecer”, admitiu Vítor Manuel a O JOGO, não escondendo a tristeza pelo momento. “O meu coração chora por dentro, devo quase tudo à Académica”,

comentou o antigo jogador e treinador da Briosa.

Consideran­do este “um momento histórico pela negativa, por aquilo que aconteceu” e entendendo que “o futebol português está mais pobre”, pois “ficou nas ligas profission­ais sem uma grande instituiçã­o que é a Académica”, o treinador não tem dúvidas de que “não se trata de uma questão conjuntura­l, mas sim de um problema estrutural”, pelo que “o projeto para o futuro tem de ser bem pensado”. “É um momento de grande reflexão para todos os académicos, de olharem para dentro, de separarem as águas e as desavenças que há. É o momento de darmos todos as mãos para que a Académica volte a ter identidade e que volte a ser o que todos desejamos. A Académica está dividida e com uma cidade divorciada. Tem pouca massa crítica. Tem uma claque fantástica, a Mancha Negra, criada no meu tempo de treinador,

Vítor Manuel em 1985, que é extraordin­ária. A Mancha Negra poderá funcionar como força aglutinado­ra”, estimou Vítor Manuel, manifestan­do-se “disponível para o que a Académica precisar”. “Há mais pessoas nas mesmas circunstân­cias que podem dar mais do que eu, que foram esquecidas por causa de determinad­os egoísmos e caprichos”, juntou.

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Em 30 jogos, a Académica só conseguiu três vitórias, o resto são sete empates e 20 derrotas
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