O Jogo

“Falta o intercâmbi­o dos meus tempos”

Brasileiro que venceu uma Volta a Portugal e o Grande Prémio O JOGO de 1993 elogia o ciclismo nacional, mas deixa um alerta

- CARLOS FLÓRIDO

Tem 56 anos e uma loja de bicicletas no Brasil, mas nunca deixou de acompanhar um pelotão português onde esteve 12 temporadas e chegou a ser o melhor. Recorda bem o seu triunfo no GP O JOGO.

“Foi um Grande Prémio com muita chuva. Já o tinha marcado e eram sete dias de corrida. Havia um contrarrel­ógio na Mealhada, na terceira etapa, onde vesti a camisola amarela. A Seur, liderada pelo Maximino Perez, tinha um russo, o Viktor Klimov, que era o grande favorito, porque em Espanha ganhava todos os contrarrel­ógios, até ganhou ao Miguel Indurain. Nesse dia o Klimov chegou e deixou todos a mais de 40 segundos. Depois acabei eu e deixei o Klimov a 1m50s... O Maximino Pérez deu-me os parabéns e disse-me que já tinha ganho aquela corrida”, recordou, de enfiada, Cássio Freitas sobre o Grande Prémio O JOGO de 1993, o último da fase anterior da corrida. Agora com 56 anos, o brasileiro continua a ser um apaixonado pelo ciclismo português.

Proprietár­io da Cássio Bikes, uma loja de bicicletas em São João da Boa Vista, a norte de São Paulo, o magro e alto brasileiro que chegou a Portugal em 1989, para o Louletano, dando luta a Joaquim Gomes até ao último dia da Volta a Portugal , tornou-se famoso ao serviço de Sicasal e Recer-Boavista, ganhando as mais importante­s corridas nacionais. “Fiquei em Portugal até 2000, correndo na altura pelo Cantanhede, da região da Mealhada. Quando regressei ao Brasil mudei de São Paulo para o interior e abri um estabeleci­mento de bicicletas, que foi sempre a minha atividade”, conta a O JOGO, provando a seguir que a paixão pelo ciclismo nacional nunca esmoreceu.

“Acompanho bastante o ciclismo português; converso muito com o Paulo Couto. Acho que tem melhorado bastante. A quantidade de equipas continenta­is, que são dez, permite ter um nível alto nas provas. Só me parece que falta o intercâmbi­o internacio­nal que existia muito na minha época”, diz, lembrando que “as equipas portuguesa­s corriam a Volta a Espanha, foram ao Giro, andavam muito em França...”. “Se isso voltasse a acontecer, iria subir o nível. Porque não adianta correr só em Portugal, nem ter alguns ciclistas no World Tour. O mais importante é levar as equipas pela Europa fora, ganham um conhecimen­to que não têm de outra forma. Eu fiz duas Voltas a Espanha pela Recer-Boavista e outra pela Sicasal. Havia um grande relacionam­ento com o ciclismo internacio­nal, que agora parece ter parado”, completa Cássio.

“Ganhei o Grande Prémio O JOGO no contrarrel­ógio, deixando o Klimov a 1m50s” “O importante é levar as equipas Europa fora. Fiz três vezes a Vuelta”

Cássio Freitas

Antigo ciclista

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