O Jogo

Português perdeu 14 segundos para Carapaz, Hindley e Landa, mas continua em terceiro e a 44 da camisola rosa. Portanto, está na luta pelo Giro

- CARLOS FLÓRIDO

Etapa do Mortirolo reduziu a quatro os candidatos à conquista da Volta a Itália e a resistênci­a do jovem caldense voltou a impression­ar. Faltam três dias de montanha e as contas favorecem-no.

Diz a gíria do ciclismo que quem faz as subidas na retaguarda de um grupo, ora atrasando-se ora recolando, até ao momento em que descola de vez, vai “no elástico”. Tem sido essa a sina de João Almeida nesta Volta a Itália, mas oelásticod­oportuguês­daUAE Emirates é especial: permitelhe manter a distância para os que o atacam e concretiza­r proezas como a de ontem, ao terminar uma das etapas mais duras do Giro a 14 segundos de Richard Carapaz, Jai Hindley e Mikel Landa, que puxaram à vez para lhe ganharem tempo. Ainda não conseguira­m o suficiente. Jan Hirt ganhou em Apricasain­dodafuga,Hindley colocou-se a 3 segundos da camisola rosa e Almeida está agora a 44.

“Foi super duro, com 5000 metros de acumulado. Era uma questão de pernas. Gosto de marcar o meu ritmo, mas foi sempre a todo o gás. Dei tudo”, disse Almeida, que depois da subida calma no Mortirolo, com a fuga a ganhar cinco minutos ao pelotão, começou a sofrer no Teglio e perdeu o contacto com os rivais a escalar Santa Cristina, quando Landa atacou, finalizand­o o trabalho de desgaste da Bahrain. O jovem da UAE Emirates soube manter uma distância curta nas zonas de 10% de inclinação, atingiu o alto a 16 segundos de Carapaz, Hindley, Landa e Alejandro Valverde – este esteve na fuga – e na meta, após uma descida molhada e perigosa, estava a 14s.

“Para ser sincero, fiquei surpreendi­do comigo. Não houve um momento para respirar. Sobretudo nas últimas duas montanhas. Não me lembro de ter enfrentado subidas tão exigentes e etapas tão duras, por isso estou feliz com a minha prestação e com o resultado”, analisou, garantindo que vai “lutar até ao fim”. E Almeida revelou até uma maior ambição: “Obviamente, tenho a camisola rosa como um objetivo. Será muito difícil, porque os rivais estão muito fortes, mas ainda estou bem colocado, menos de um minuto atrás do melhor”.

“Obviamente, tenho a rosa como um objetivo. Será difícil, que eles estão fortes”

João Almeida

UAE Team Emirates

Entre os adversário­s, Jan Hirt e Valverde aproveitar­am a fuga para se colocarem no top 10, enquanto Domenico Pozzovivo, vítima de queda, atrasou-se muito, tendo igualmente perdido tempo Vincenzo Nibali, Pello Bilbao e Emanuel Buchmann, o que reduziu a luta pela rosa a quatro.

Carapaz viu Hindley colocar-se a 3 segundos devido às bonificaçõ­es, mas fez “um balanço positivo, pois ganhei mais ao Almeida”. O português precisa de superar as montanhas da etapa de hoje (três, totalizand­o 26 km) e sobretudo as de sextafeira (30,2 km) e sábado (34,4 km), tendo depois o contrarrel­ógio de Verona a seu favor. “O Carapaz, se tiver um minuto de vantagem, poderá estar seguro”, estima Fabio Baldato, diretor-desportivo da UAE Emirates. O técnico de Almeida sabe que o ano passado, em “crono” semelhante na Catalunha, o português ganhou 56 segundos ao líder da Ineos; e no Giro de há dois anos recuperou 1m04s para Hindley. As contas são simples...

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João Almeida em mais uma perseguiçã­o a Carapaz, Hindley e Landa

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