O amor é eterno enquanto dura
Roger Schmidt aproveitou a chegada a Portugal para falar ao coração dos benfiquistas. O alemão não prometeu jogar o triplo, mas é mais ou menos isso que esperam dele
C onsta que não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão e Roger Schmidt agarrou a dele junto dos benfiquistas. Primeiro, com aquele “bom dia”, num português tão perfeito como o de Jorge Jesus. Depois, apontando diretamente ao coração dos adeptos encarnados com uma bonita declaração de amor. Claro que os mais cínicos poderiam sempre dizer que só alguém que não viu o futebol que a equipa produziu na última temporada poderia afirmar que “quem ama o futebol, ama o Benfica”, mas todos sabemos que o amor tem razões que a razão desconhece e que é um fogo que arde sem se ver ou, mais a propósito, é cuidar que se ganha em se perder. Certo é que, ao contrário do último treinador que chegou à Luz para fazer uma revolução e cortar com o passado, o alemão teve o bom senso tipicamente germânico de não prometer jogar o triplo. E, no entanto, é mais ou menos isso que os benfiquistas esperam dele, a começar pelo presidente Rui Costa que o escolheu. Depois de três anos de jejum forçado, o Benfica deixou de estar “dez anos à frente dos rivais”, como proclamava Vieira, para estar dois lugares atrás, na posição desconfortável de ter de começar mais uma temporada a garantir o acesso à fase de grupos da Champions que voltou a escapar-lhe pela via direta do campeonato. Consegui-lo integrando as duas mãos cheias de reforços que se perfilam no horizonte, encontrando espaço para os miúdos da Youth League e implementando uma nova filosofia de jogo no espaço de pouco mais de um mês é a primeira grande meta de Schmidt. Falhá-la implica esgotar, logo no início de agosto, uma boa parte do crédito que terá ganho junto dos benfiquistas ontem, que isto do amor, como dizia outro poeta, é eterno enquanto dura.