O Jogo

O amor é eterno enquanto dura

- Jorge Maia jorge.maia@ojogo.pt

Roger Schmidt aproveitou a chegada a Portugal para falar ao coração dos benfiquist­as. O alemão não prometeu jogar o triplo, mas é mais ou menos isso que esperam dele

C onsta que não há uma segunda oportunida­de para causar uma boa primeira impressão e Roger Schmidt agarrou a dele junto dos benfiquist­as. Primeiro, com aquele “bom dia”, num português tão perfeito como o de Jorge Jesus. Depois, apontando diretament­e ao coração dos adeptos encarnados com uma bonita declaração de amor. Claro que os mais cínicos poderiam sempre dizer que só alguém que não viu o futebol que a equipa produziu na última temporada poderia afirmar que “quem ama o futebol, ama o Benfica”, mas todos sabemos que o amor tem razões que a razão desconhece e que é um fogo que arde sem se ver ou, mais a propósito, é cuidar que se ganha em se perder. Certo é que, ao contrário do último treinador que chegou à Luz para fazer uma revolução e cortar com o passado, o alemão teve o bom senso tipicament­e germânico de não prometer jogar o triplo. E, no entanto, é mais ou menos isso que os benfiquist­as esperam dele, a começar pelo presidente Rui Costa que o escolheu. Depois de três anos de jejum forçado, o Benfica deixou de estar “dez anos à frente dos rivais”, como proclamava Vieira, para estar dois lugares atrás, na posição desconfort­ável de ter de começar mais uma temporada a garantir o acesso à fase de grupos da Champions que voltou a escapar-lhe pela via direta do campeonato. Consegui-lo integrando as duas mãos cheias de reforços que se perfilam no horizonte, encontrand­o espaço para os miúdos da Youth League e implementa­ndo uma nova filosofia de jogo no espaço de pouco mais de um mês é a primeira grande meta de Schmidt. Falhá-la implica esgotar, logo no início de agosto, uma boa parte do crédito que terá ganho junto dos benfiquist­as ontem, que isto do amor, como dizia outro poeta, é eterno enquanto dura.

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