“DESCIDA FOI CATASTRÓFICA”
No pior dos cenários, o presidente do Lourosa projetara chegar à fase de subida e falhar. Reta final ainda está a ser digerida.
Há cinco anos na presidência do clube, Hugo Mendes revelou que ainda tem um ano de mandato, e após este passo atrás quer dar dois em frente, devolvendo o Lourosa às provas profissionais...
Natural de Lourosa, Hugo Mendes, que desde novo, influenciado pelo pai, Joaquim Mendes, seguia com especial atenção o Lusitânia, chegou à presidência do clube ainda no distrital de Aveiro, há cinco anos, tendo melhorado as infraestruras e criado condições para a chegada aos campeonatos profissionais. Antes de arrancar esta época, o dirigente, de 39 anos, contratou um treinador experiente (Filipe Moreira), um plantel identificado com o sistema tático (3x5x2) e algum currículo em divisões superiores, pelo que nunca previu a descida de divisão.
Que balanço faz desta época do Lourosa, que chegou a andar nos lugares de subida e acabou a descer de divisão?
—Ainda estamos a digerir o que se passou. Até à última jornada, podíamos ter alcançado os primeiros quatro lugares, o que nos permitiria lutar pela subida. Depois, na fase de manutenção, foi uma catástrofe aquilo que vivemos a nível de exibições, e isso ditou a descida de divisão. É algo impensável para este clube, pela forma como está estruturado, pela massa associativa que tem, como vive o futebol e pela média de assistências, que liderou várias vezes este campeonato. O pior cenário seria sempre ir à fase de subida e não conseguir o objetivo, assim, foi desastroso. Agora, é levantar a cabeça, acordar e dizer que estamos no Campeonato de Portugal, que é muito competitivo, e queremos que o Lourosa chegue à Liga 3 e depois aos campeonatos profissionais. É esse o objetivo desta Direção. Não estávamos à espera de dar este passo atrás, mas vamos acreditar que a seguir daremos dois em frente.
O DIRIGENTE POSSUI 11 EMPRESAS, A MAIORIA LIGADA À CONSTRUÇÃO CIVIL.
Antes do arranque do campeonato, havia a perspetiva de subir. O que falhou?
—O responsável principal sou eu. Apostei numa equipa técnica com muita experiência, que na época passada esteve muito perto de ir à fase de subida com o Torreense e que conhecia muito bem as equipas deste campeonato. Os jogadores foram contratados na base do sistema tático [3x5x2], no qual depositámos total confiança, e apresentámos um projeto para duas épocas desportivas. Após um desaire em Anadia, chegámos a acordo para rescindir. O que faltou também foi ter um grupo de homens motivados. Ao longo da época, viu-se que o grupo não esteve ao nível do desafio que é vestir a camisola do Lourosa. Houve uma má comunicação do objetivo desta pequena cidade, que sonha chegar aos campeonatos profissionais, num clube com 98 anos de história. A chave foi não haver esse compromisso...
Acha que a troca de treinador a meio também influenciou, ou Hélder Pereira até deu uma boa resposta?
—O treinador já não se sentia motivado e olhámos para o Hélder como sendo uma alternativa correta. Era um homem da casa, foi capitão do Lourosa, conhecia estas gentes e vimos nele valor. Fez de tudo para dignificar um projeto que não foi iniciado por ele. Não correu bem, mas não consigo apontar o dedo à equipa técnica, pois apanhou um grupo que já não estava tão comprometido.
Vai continuar a aposta ou anda à procura de outro treinador?
—Vamos começar um projeto praticamente de raiz, com uma equipa técnica nova, um departamento médico renovado, um reforço de Direção a nível de apoio ao futebol. Mais de 90 por cento do plantel vai ser renovado. Ainda não temos novo treinador, mas o perfil está identificado. Tem de ser sempre aquilo que é a ambição desta Direção: liderar um clube bairrista, que sente muito a camisola, sendo que a raça é algo que caracteriza este clube. Neste momento, ainda
não reunimos com nenhum treinador, vamos começar a fazê-lo ainda esta semana.
Recentemente, houve uma Assembleia Geral. Que ilações tiraram dela?
—Saiu um voto de confiança nesta Direção, naquilo que fez ao longo de cinco anos. Estamos a falar não só de resultados desportivos, mas a nível de infraestruturas, da formação, modalidades e tudo o que está ligado ao Lourosa, não só o futebol. Antes, estávamos na distrital de Aveiro e agora, apesar de tudo, estamos no Campeonato de Portugal, e essa é a gratidão da massa associativa perante esta Direção.