Nadal pela via da terra traída
É finalista em Roland Garros pela 14.ª vez, após viver o arrepiante momento que travou a luta de Zverev
Uma armadilha no pó de telha do Philippe Chatrier deitou por terra a alta expectativa que rodeava uma meia-final destruída pelo grito de dor de Zverev, ao sofrer uma entorse no tornozelo direito.
MANUEL PÉREZ
Pouco depois de o relógio bbb da catedral da terra batida dar a conhecer que se jogava há mais de três horas, e ainda não estavam concluídos dois sets do encontro entre Rafael Nadal (5.º ATP) e Alexander Zverev (3.º), o alemão foi protagonista de um episódio tocante nesta era em que os atletas competem a um super alto nível, como lembrou o espanhol. Ao deslizar atrás de mais uma bola angulada de Nadal, o pé de apoio (direito) de Sascha foi travado, entortou, levando o jogador a gritar de dor e a terra ocre a colar-se ao suor que escorria, enquanto as lágrimas anunciavam o abandono. Após o insucesso de algumas tentativas de ser transportado de pé, saiu de cadeira de rodas.
O incidente ocorreu no último ponto do 12.º jogo (6-6) do segundo set, ou seja, antes de novo tiebreak e depois de Nadal ter ganho o primeiro, por 10/8, recuperando da desvantagem de 2/6.
O traumatizante final do encontro, que se juntaria a vários outros de altíssima qualidade disputados ao longo desta edição do torneio de Roland Garros, foi de certo modo amenizado pelo reaparecimento em cena de Zverev, de muletas, acompanhado por Rafa, dirigindo-se ao árbitro para o cumprimentar e abraçando o espanhol, que vai disputar a 14.ª final em Paris, tendo conquistado todas as outras.
Como adversário, amanhã, vai ter Casper Ruud (8.º), o tal que dois dias antes do início do Grand Slam francês esteve a um jogo de perder ante João Sousa, na final do ATP250 de Genebra. O norueguês acabou com a campanha de sonho do croata Marin Cilic (23.º): 3-6, 6-4, 6-2 e 6-2.
“É um sonho voltar à final, mas sou humano e custa que seja deste modo”
Rafael Nadal 13 vezes campeão de Roland Garros