O Jogo

Condenado a errar mesmo acertando

- Jorge Maia jorge.maia@ojogo.pt

A quantidade de opções à disposição de Fernando Santos significa que há sempre, pelo menos, uma ponta por onde a crítica pegar

Na crónica do Espanha-Portugal de quintafeir­a, o diário desportivo Marca referia, a dado passo, que Fernando Santos tem tanto talento à disposição que precisaria de dois onzes para o apresentar todo ao mesmo tempo. Claro que nem todos os setores da equipa têm a mesma quantidade de opções disponívei­s. No eixo da defesa, por exemplo, há cinco jogos que Portugal não pode usar a dupla que oferece mais garantias – Pepe e Rúben Dias – forçando o recuo e a adaptação de Danilo à posição. Mas a fartura de talento é uma bênção e, simultanea­mente, uma cruz que o selecionad­or nacional carrega ao longo dos últimos anos. Só podem jogar onze de cada vez e contam-se pelos dedos da mão de um talhante míope aquelas em que, aos olhos da crítica, Fernando Santos acertou na fórmula. Na quinta-feira, frente à Espanha, em Sevilha, voltou a falhar, apesar de ter conseguido um empate que, aos olhos dos espanhóis, foi justo, mas por cá, foi à justa. Noutras circunstân­cias, um treinador que tivesse feito entrar Ronaldo, Gonçalo Guedes e Ricardo Horta na etapa final do jogo para atacar o resultado e visse essas opções ofensivas premiadas com um golo, seria elogiado pela coragem de “meter a carne toda no assador” frente a um adversário tão poderoso como é a Espanha. Na circunstân­cia que é a de Fernando Santos, questiona-se o facto de Horta não ter entrado mais cedo ou, recuando mais um pouco, de não ter sido chamado à Seleção antes. Depois há quem se surpreenda com o ar grave e sério do selecionad­or. Quem teria motivos para sorrir se estivesse condenado a falhar estrondosa­mente mesmo quando acerta em cheio? E no domingo há mais.

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