O Jogo

A novela Horta

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Terminou esta semana a primeira temporada da novela sobre a transferên­cia de Ricardo Horta. Terminou em grande, pois os argumentis­tas decidiram que Horta iria marcar o golo do empate ao serviço da Seleção Nacional, no seu difícil duelo com os nossos vizinhos espanhóis. Por isso, todos aguardamos ansiosamen­te pela segunda temporada, que deve iniciar-se já na próxima semana. Ao longo da primeira temporada, os argumentis­tas desta narrativa foram criativos: ofertas de dinheiro pelo Benfica, recusas do Braga, primeiras páginas de jornais a falar do Málaga para pressionar a opinião pública, contactos diretos do Benfica com o jogador, reações azedadas dos bracarense­s e um Ricardo Horta sempre distante de tudo, como bom profission­al que é. E, para terminar esta primeira temporada, o épico momento do golo ao serviço da Seleção. E agora, perguntamo-nos todos, o que nos reservará a segunda temporada desta emocionant­e novela? Os argumentis­tas sabem bem que Ricardo Horta não é um atleta comum do SC Braga. Para além do seu valor financeiro decorrente de ser um excelente jogador e ainda novo, Ricardo Horta adquiriu, na época que terminou, um valor simbólico na comunidade bracarense, ao ter entrado na história da coletivida­de, como o seu melhor goleador de sempre. E este “capital simbólico” tem que ter uma correlação com o valor financeiro da transferên­cia. Nenhum adepto entenderá o negócio de outra forma. Ricardo Horta é um daqueles jogadores que, se continuar no SC Braga e aqui terminar a carreira, terá entrada direta para a estrutura, pois encerra em si toda a mística guerreira que o clube bem precisa para arregiment­ar novos adeptos. Ora, é este capital simbólico de Horta que está em jogo nesta transferên­cia. E, ainda por cima, quando o clube que pretende adquirir o passe do jogador é um rival direto na luta por um lugar no pódio do campeonato português. Sabemos todos – e os argumentis­tas também o sabem – que há um valor a partir do qual a SAD bracarense terá que ceder, que é o valor da cláusula de rescisão. E se esse valor for “batido”, todos os adeptos compreende­rão a transferên­cia. Mas até este valor, a vontade da SAD terá que ser forte e determinad­a para alcançar contrapart­idas que sejam ostensivam­ente favoráveis, pois não se trata só de fazer um bom ou mau negócio. Trata-se de defender e valorizar um pedaço da história do clube e de, eventualme­nte, manter na coletivida­de um símbolo dos seus valores.

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