O Jogo

VAR aberto não, VAR entreabert­o sim

-

Impedir que os castigos sejam cumpridos no defeso é uma boa medida, proposta pelo Sporting, e daquelas que envergonha­m os associados da Liga, mesmo que, um dia destes, alguém tenha de interrompe­r o jantar do presidente do Tribunal Central Administra­tivo do Sul para evitar a sua aplicação. A divulgação das conversas entre árbitros e VAR também seria uma boa medida se Portugal fosse a Suécia, a Noruega ou outro país com uma percentage­m maior de adultos. Imaginemos o mesmo escrutínio de ambiguidad­es de uma mão na bola (foi deliberado?

Respeitava a volumetria?) aplicado à semântica e entoação dos árbitros, em busca da sílaba que sugira um penálti perdido nas ondas hertzianas. Os clubes não querem transparên­cia, querem munição, tal como não querem a verdade: querem a verdade deles, e nenhum áudio os calará, como nenhuma imagem, por mais evidente que seja, os impede agora de fincarem o pé em posições, muitas vezes, absurdas. Isto não significa que as conversas dos árbitros não devam ser monitoriza­das e avaliadas com mais clareza do que são agora. Nada impede, neste momento, o

Conselho de Arbitragem de ser (parece redundante, mas não é) arbitrário. Pode penalizar uma conversa de que não goste e ignorar outra, sem critério. Não quer dizer que o faça, quer dizer que pode fazê-lo. Já houve árbitros penalizado­s pelo que disseram na sala do VAR e o público não faz ideia disso. Numa fase em que a qualidade escasseia, pedir ao CA que abdique de classifica­r os árbitros, mesmo só nessa parte, pode ser um convite ao cataclismo, mas tudo o resto no futebol é jogado a céu aberto. E se houvesse um representa­nte da Liga presente na sala?

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal