O Jogo

Ganhar à Chéquia vale duas Suíças

- José Manuel Ribeiro jm.ribeiro@ojogo.pt

Depois da Espanha, o festival com a Suíça passou por ser o da reconcilia­ção com Fernando Santos, mas isso só provou que as críticas são mesmo superficia­is

Quatro jogos e oito meses depois do apocalipse, Fernando Santos esvaziou as certezas de que Portugal tinha um selecionad­or fora do prazo. Fê-lo definitiva­mente ao jogo 99 da sua passagem pela FPF, com a Suíça, mas devia ter sido ao jogo 100, ontem à noite. A rendição (temporária, claro) dos críticos depois daquele 4-0 é o destapar de muitas carecas. Podíamos falar da lenda dos dois trincos, que atazanou o Euro’2020 (a única diferença para domingo é que um dos dois médios defensivos era Rúben Neves, em vez de Danilo), mas isso levarnos-ia a um debate estilístic­o sobre as habilitaçõ­es de cada um dos jogadores em causa. Também podíamos falar de Santos ter abdicado do inabdicáve­l Bernardo Silva, mas deduzo que Otávio seja entendido como equivalent­e. O essencial é que, no jogo com a Suíça, a Seleção só teve de esperar e contra-atacar. Os suíços fizeram metade do trabalho. Se todos os adversário­s se dispusesse­m daquela forma, incluindo Franças e Alemanhas, Portugal seria, provavelme­nte, campeão do mundo, até com selecionad­ores menos serenos ao volante. Os aplausos por aquele jogo são, até certo ponto, inócuos. A diferença entre a Suíça e a Chéquia (e, por regra, todas as outras seleções) é que os checos sabiam o que enfrentava­m, e jogaram em conformida­de. A Seleção teve de puxar pela cabeça ontem, não no domingo, para contornar duas linhas cerradas e manter, em simultâneo, as costas cobertas. Valorizo mais os golos falhados com a Chéquia do que os marcados à Suíça, embora a definição final seja a mesma: em ambos os casos, Portugal resolveu o problema que tinha a resolver. Como quase sempre nos 100 jogos de Fernando Santos, mais trinco, menos trinco.

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