Como tirar (e pôr) um clube na enfermaria
AImprensa inglesa noticia que Cristiano Ronaldo forçou o Manchester United a pôr ordem na casa, com medo de passar mais uma época sem reforçar o pechisbeque no museu do Funchal. A primeira pergunta que essa informação sugere é se Ronaldo lê jornais e vê noticiários. Os últimos dez anos levantaram dúvidas bastante evidentes sobre a capacidade dos gestores do United para perceberem, sequer, o que significa a palavra ordem no futebol. Há um ano, quando Cristiano decidiu voltar para Old Trafford, era bem claro que ia jogar num clube doente. Estavam lá todos os sintomas: contratações caras sucessivas sem retorno, fracassos frequentes no mercado (ou seja, desconfiança por parte dos jogadores e técnicos a contratar), crises de resultados, óbvios problemas de balneário e uma grande incoerência na escolha de treinadores. Ronaldo pode ter acreditado que seria ele a chave. No FC Porto vindo do vazio de títulos, entre 2013 e 2018, a chave foi um homem só, de qualidades muito especiais: Sérgio Conceição. Neste Benfica, vindo de quatro épocas altamente irregulares, Rui Costa acredita que a solução está em acompanhar a filosofia de vanguarda, que é a alemã. Pode acontecer. As ideias de Schmidt são bastante mais próximas daquelas que têm resultado na liga portuguesa. Mas, como no Manchester United, raramente existe apenas um problema. Conceição não mudou apenas o futebol no FC Porto, embora o dele seja muito diferente do que a equipa jogava dois anos antes com Julen Lopetegui. O futebol é um jogo simples levado a cabo por dezenas de pessoas muito complexas. Ronaldo devia sabê-lo, até por ele próprio não ser propriamente das mais descomplicadas.