Menos sumo Palhinha, sem
Da forma como está o mercado, já não causa surpresa que as equipas portuguesas, em particular as grandes, abram as respetivas pré-temporadas sem os plantéis definidos. Ficam tristes os treinadores, que querem saber o mais cedo possível com o que contam, mas fazem por compreender que antes disso têm de saber com o que não contam, e aí não dependem apenas, nem sobretudo, dos seus dirigentes, atendendo a que há propostas irrecusáveis a surgir quando menos se espera. É o caso da que se anuncia por Matheus Nunes, de 45 milhões fixos mais 5 variáveis, já próxima do valor da cláusula de rescisão. Mas não é o caso da que se procura fechar por Palhinha, quanto a mim longe de corresponder à qualidade do futebolista, o melhor médio-defensivo a jogar em Portugal e com argumentos comprovados para disputar a titularidade na equipa das Quinas. Imagino que se António Salvador fosse presidente do Sporting não o venderia abaixo dos 40 milhões. Também entendo que o desejo do jogador pese na equação, tanto mais que Palhinha sempre deu tudo pelo emblema e não merece, como se costuma dizer, que lhe cortem as pernas. Mas em matéria de negócios o futebol já nos fez perceber que voltamos a ser animais de quatro patas: as do atleta e as do clube. É preciso que quer umas quer outras continuem da melhor maneira o seu caminho. E a saída de Palhinha causa um problema bicudo: primeiro, trata-se de um potencial capitão, uma referência; depois, é um varre-tudo como não há muitos, na sua ampla zona de influência garante uma faxina impecável, e ainda constrói cada vez com mais acerto; e em cima disto pairam dúvidas sobre as alternativas, tendo em conta o futuro indefinido do já citado Matheus Nunes. Há Ugarte, é verdade, e talvez nem fiquemos a perder com a sucessão, mas tirando ele sobra, certo, Dário Essugo, um talento precoce ainda a precisar de limar arestas para nos deixar descansados. Morita não é um seis, do meu ponto de vista. Liga jogo, destrói e constrói com a mesma competência, é resistente, rotativo, propenso a espreitar a chegada à área, mas não faz o que Palhinha faz. Confirmando-se a transferência deste, e mais ainda se acrescida da de Matheus Nunes, temos de ir buscar alguém maduro e de qualidade acima de suspeita. Não é fácil. Al Musrati? Perguntem a António Salvador por quanto o deixa sair… Obtida a resposta, como dizia António Guterres, é fazer as contas.