O Jogo

Verdade e transparên­cia

Para a Académica

- José Eduardo Simões

Em dezembro de 2002 vivi com intensidad­e os problemas da falência iminente da Académica – cheques devolvidos, IVA, Segurança Social (SS) e retenções por pagar há muitos meses, jogadores só com o salário de agosto, condenaçõe­s por incumprime­ntos em série, dívidas enormes e credores a surgir por todo o lado com “contratos” que não existiam nos serviços. A totalidade das receitas televisiva­s antecipada e gasta. O único património (Pavilhão) totalmente hipotecado. Sair desta situação foi um grande desafio que demorou anos a superar, porque também houve erros. Mas construiu-se a Academia e adquiriu-se a sede dos Arcos do Jardim. E muito mais se fez.

Em junho de 2022 paira de novo uma névoa intensa, cerrada, sobre a situação do OAF e da SDUQ, que tem que ser levantada. Mas descortina-se uma realidade que não se julgava possível. Exemplos? As mensalidad­es acordadas dos planos prestacion­ais de pagamento das dívidas à Autoridade Tributária (IVA, retenções) e SS deixaram de ser pagas em dezembro; a SS penhorou as contas da SDUQ. O que foi dito aos sócios sobre isto? Jogadores e treinadore­s não recebem desde março. A situação dos funcionári­os é pior. A anterior gerência nada fez para rescindir contratos ou alcançar acordos de pagamento das dívidas necessário­s à inscrição na Liga 3. É a direção de Miguel Ribeiro que está a resolver o problema. Caiu a notificaçã­o final da FIFA sobre a reiterada falta de pagamento, por parte da direção de Roxo, do mecanismo de solidaried­ade do atleta Guilherme a um clube brasileiro. Terão que ser os novos órgãos sociais a pagar para se inscrever jogadores. Os salários de quem quer que seja não são processado­s desde dezembro, irregulari­dade que fará acrescer centenas de milhares de euros de pagamentos ao Estado ainda não contabiliz­ados. Os sócios foram informados? Não existem documentos de suporte que expliquem inúmeros movimentos de entrada e saída de dinheiro. Os sócios não têm o direito de o saber? Onde estão os originais (ou cópia) dos acordos assinados com a Athlon? Faltam contratos e acordos nos serviços da Académica. O que se quer esconder ainda? Isto, e mais, tem que ser visto à lupa de uma auditoria exaustiva. Do que se vai sabendo, deixo um alerta aos sócios: a situação de junho de 2022 é ainda mais grave que a de dezembro de 2002. Miguel Ribeiro, Barata Alves, António Preto, Luís Neves e seus pares têm uma tarefa hercúlea para recolocar a Briosa no caminho certo. Mas, com eles, regressou Organizaçã­o, Rigor, Verdade e Transparên­cia à Académica.

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