Verdade e transparência
Para a Académica
Em dezembro de 2002 vivi com intensidade os problemas da falência iminente da Académica – cheques devolvidos, IVA, Segurança Social (SS) e retenções por pagar há muitos meses, jogadores só com o salário de agosto, condenações por incumprimentos em série, dívidas enormes e credores a surgir por todo o lado com “contratos” que não existiam nos serviços. A totalidade das receitas televisivas antecipada e gasta. O único património (Pavilhão) totalmente hipotecado. Sair desta situação foi um grande desafio que demorou anos a superar, porque também houve erros. Mas construiu-se a Academia e adquiriu-se a sede dos Arcos do Jardim. E muito mais se fez.
Em junho de 2022 paira de novo uma névoa intensa, cerrada, sobre a situação do OAF e da SDUQ, que tem que ser levantada. Mas descortina-se uma realidade que não se julgava possível. Exemplos? As mensalidades acordadas dos planos prestacionais de pagamento das dívidas à Autoridade Tributária (IVA, retenções) e SS deixaram de ser pagas em dezembro; a SS penhorou as contas da SDUQ. O que foi dito aos sócios sobre isto? Jogadores e treinadores não recebem desde março. A situação dos funcionários é pior. A anterior gerência nada fez para rescindir contratos ou alcançar acordos de pagamento das dívidas necessários à inscrição na Liga 3. É a direção de Miguel Ribeiro que está a resolver o problema. Caiu a notificação final da FIFA sobre a reiterada falta de pagamento, por parte da direção de Roxo, do mecanismo de solidariedade do atleta Guilherme a um clube brasileiro. Terão que ser os novos órgãos sociais a pagar para se inscrever jogadores. Os salários de quem quer que seja não são processados desde dezembro, irregularidade que fará acrescer centenas de milhares de euros de pagamentos ao Estado ainda não contabilizados. Os sócios foram informados? Não existem documentos de suporte que expliquem inúmeros movimentos de entrada e saída de dinheiro. Os sócios não têm o direito de o saber? Onde estão os originais (ou cópia) dos acordos assinados com a Athlon? Faltam contratos e acordos nos serviços da Académica. O que se quer esconder ainda? Isto, e mais, tem que ser visto à lupa de uma auditoria exaustiva. Do que se vai sabendo, deixo um alerta aos sócios: a situação de junho de 2022 é ainda mais grave que a de dezembro de 2002. Miguel Ribeiro, Barata Alves, António Preto, Luís Neves e seus pares têm uma tarefa hercúlea para recolocar a Briosa no caminho certo. Mas, com eles, regressou Organização, Rigor, Verdade e Transparência à Académica.