Condicionantes que condicionam
Um sorteio com condicionantes não é bem um sorteio. A prova disso mesmo são as enormes semelhanças entre o resultado do de ontem, que determinou o calendário da I Liga em 2022/23, e o do ano passado. Tal como na última época, também agora FC Porto e Sporting são os protagonistas do primeiro clássico da temporada, desta vez logo à terceira jornada (em 2021/22 aconteceu à quinta ronda) e muito antes de o Benfica entrar nessas danças. Tal como na última época, o último clássico da temporada será disputado na penúltima jornada, desta feita colocando frente a frente Sporting e Benfica.
As semelhanças não se ficam por aqui, mas seria exaustivo enumerá-las todas. Claro que se entende necessidade de proteger as equipas envolvidas nas fases de apuramento para as competições europeias, não apenas pelos reflexos que o sucesso desse apuramento tem no ranking de Portugal na UEFA (ameaçado como está pelos Países Baixos), mas também pelo impacto económico que a injeção dos milhões da Champions tem, não apenas para os três grandes, mas para a economia do futebol português em geral, onde FC Porto, Sporting e Benfica gastam uma boa parte dos respetivos recursos em reforços. A questão é que a proteção de uns é, necessariamente, a desproteção de outros. O Sporting, por exemplo, começa o campeonato com duas deslocações complicadíssimas, a Braga e ao Porto. Há um ano, os encarnados beneficiaram da proteção do calendário para chegarem a garantir uma vantagem de quatro pontos sobre os rivais no arranque. É verdade que a perderam mais adiante, quando o calendário apertou para os lados da Luz, confirmando que isto não é como começa: é como acaba. E quando acabar, uma coisa será evidente: o sorteio de ontem foi o ideal para apenas uma equipa, o próximo campeão.