ESTA TAÇA DOS LIBERTA DORES É UM MUNDO LUSO-BRASILEIRO
AMÉRICA DO SUL Vítor Pereira, Abel Ferreira e Pedro Caixinha: três treinadores portugueses nos quartos de final é registo de monta
Na Taça dos Libertadores nunca tinha havido três treinadores portugueses nos “quartos” e, a nível continental, só há paralelo na Liga Europa de 2010/11, com Villas-Boas, Domingos e Jorge Jesus.
RODRIGO CORTEZ
A Taça dos Libertadores ●●● terá três treinadores portugueses nos quartos de final: depois de Vítor Pereira ter carimbado o apuramento do Corinthians na terça-feira, na madrugada de ontem foi a vez de Abel Ferreira (Palmeiras) e Pedro Caixinha (Talleres) conseguirem a qualificação.
Um registo histórico no que diz respeito a presenças de treinadores lusos numa fase tão adiantada de uma prova continental, uma vez que só por uma vez tal tinha ocorrido, quando André Villas-Boas (FC Porto), Domingos Paciência (Braga) e Jorge Jesus (Benfica) chegaram aos “quartos” da Liga Europa de 2010/11.
Para o português Tony da Silva, que foi recentemente adjunto de António Conceição na seleção dos Camarões, esta proeza é fruto de “um visível aumento de qualidade na formação” dos treinadores portugueses. “E também estamos a colher frutos do que foi feito no passado, desde José Maria Pedroto, passando por José Mourinho, mas também por grandes treinadores estrangeiros que estiveram em Portugal, como Bobby Robson ou Sven-Goran Eriksson, que na altura trouxeram outra dimensão ao nosso futebol”, acrescentou um técnico que tem estado a dar cursos da UEFA em vários clubes europeus, como Lyon, PSG ou Celta. “Nas formações que tenho dado sinto que os treinadores portugueses são atualmente muito valorizados”, afirma, destacando como qualidades principais “uma grande capacidade de adaptação e, por outro lado, de ultrapassar barreiras. O treinador português não tem problemas perante as dificuldades”, afirma Tony da Silva a O JOGO.
Abel não gostou da desvalorização do feito
E se, na terça-feira, o apuramento de Vítor Pereira tinha sido arrancado a ferros, conseguido apenas no desempate por grandes penalidades, Abel Ferreira teve na madrugada de ontem mais um passeio frente ao Cerro Porteño, com um 5-0 em São Paulo depois do 3-0 no Paraguai.
Rony brilhou em quantidade e em qualidade, pois um dos dois golos que apontou foi num perfeito pontapé de bicicleta. Breno Lopes, Gustavo Gómez e Samudio (autogolo) também marcaram por uma equipa que, agora, vai defrontar o Atlético Mineiro, num dos dois confrontos cem por cento brasileiros dos quartos de final.
Sobre o agregado de 8-0 obtido contra o Cerro, Abel Ferreira comentou: “Parece que os adversários são fáceis, né?! Quando jogam contra nós, todos os adversários são fracos. Na fase de grupos, tudo fraco. Adversários fracos... Não é assim. É tudo fruto do nosso trabalho.”
O outro opõe o Corinthians (de Vítor Pereira) ao Flamengo (agora treinado por Dorival Júnior, sucessor de Paulo Sousa), que goleou o Tolima por 7-1 graças a um póquer de Pedro e restantes golos de Gabigol, Matheus França e Quiñones (própria baliza). Mas também o Fortaleza é outra equipa brasileira que pode alcançar a próxima fase, com o Athletico Paranaense no caminho, o que se confirmaria como registo histórico: este emblema do estado do Ceará jogou nesta última madrugada (já após a hora de fecho desta edição) em La Plata frente ao Estudiantes, depois do 1-1 registado no Brasil. Até hoje, o máximo de clubes brasileiros nos quartos de final da Libertadores foi na época passada, com cinco, tal como os que ontem já tinham sido garantidos nesta edição.
O outro duelo em questão é totalmente argentino, com o Vélez Sarsfield (tinha eliminado o River Plate), a medir forças frente ao Talleres de Córdoba, emblema treinado pelo também português Pedro Caixinha. Esta equipa tinha empatado 1-1 na primeira mão com o Colón, vencendo agora em casa do adversário por 2-0.
“Treinadores portugueses têm capacidade de adaptação, gostam de ultrapassar barreiras e não têm problemas perante as dificuldades” Tony da Silva Treinador