O Jogo

Um ano para zerar a herança de Vieira

Há um ano, Luís Filipe Vieira renunciava ao cargo de presidente, mas a época 2021/22 ainda foi descontada pelos adeptos na herança que deixou atrás de si

- Jorge Maia jorge.maia@ojogo.pt

Há exatamente um ano, Luís Filipe Vieira renunciava ao cargo de presidente do Benfica. Foi o último ato oficial do homem que dirigiu os destinos dos encarnados durante 20 anos e, ao que se sabe hoje, talvez uma das decisões mais responsáve­is de todo o seu longo reinado. Claro que na altura não tinha muitas alternativ­as: ou saia pelo seu pé, com um mínimo de dignidade, ou era empurrado pela porta fora por muitos dos mesmos que passaram as duas décadas anteriores a prestar-lhe vassalagem. Consta que foi o filósofo chinês Lao-Tsé a aconselhar ser sensato manter os amigos perto e os inimigos ainda mais perto, mas como Júlio César aprendeu de forma dolorosa, ao primeiro sinal de fraqueza não faltam candidatos para espetar a primeira faca nas costas. A saída “voluntária” de Vieira, com a “dignidade” de quem põe os interesses do clube à frente de si próprio, tinha a vantagem de lhe manter uma frincha da porta aberta para um eventual regresso. Para mal dos pecados do antigo presidente, o cálculo saiu-lhe furado. A responsabi­lidade pela desastrosa época do Benfica, a começar no motim que forçou a saída de Jesus, passando pelo amasso que levou dos rivais logo em dezembro e terminando no prolongame­nto do jejum de títulos foi toda descontada pelos adeptos na herança que Vieira deixou atrás de si, deixando Rui Costa incólume. Nesse sentido, perder tudo e de forma tão clara para os rivais foi o melhor que podia ter acontecido ao sucessor. Afinal, o ano zero de Rui Costa acabou por ser o ano que zerou as hipóteses de Vieira alguma vez voltar a assombrar a Luz. Celebrar o aniversári­o do último dia do vieirismo com uma vitória, eis a definição de final feliz.*

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal