DO CHUMBO À GLÓRIA CONTRA O SPORTING
Apesar do “enorme potencial”, Álvaro Djaló foi sempre uma interrogação no universo de jovens do Braga. “Mudou na equipa B graças ao trabalho do Artur Jorge”, sentencia o técnico José Carvalho Araújo.
Três minutos bastaram para Álvaro Djaló rasgar em aceleração a defesa do Sporting e assistir Abel Ruiz para o golo da igualdade (3-3), num jogo marcado por um carrossel de emoções. Vindo do banco de suplentes, o avançado do Braga era um desconhecido para muitos, mas não faltava quem o conhecesse bem entre os leões. De nacionalidade espanhola e guineense, viajou pela primeira vez para Portugal em 2017 para cumprir testes nos juniores do clube de Alvalade,
onde pontificavam Daniel Bragança, Jovane Cabral e Rafael Leão, entre outros, e não convenceu. Foi a deixa para Francisco Tomás, então o responsável pelo scouting do Braga (atualmente ao serviço do Manchester United), entrar em ação: levou o jovem formado no Begoña (Bilbau) para o Minho e depressa conquistou José Carvalho Araújo, o treinador dos juniores, que ficou impressionado com o “enorme potencial” do atacante. “Já nessa altura era explosivo no arranque e de técnica muito apurada. Por um lado, tinha pormenores incríveis, mas era muito instável”, recorda.
As oscilações de rendimento relacionadas com “falta de compromisso” e alguma “indisciplina no plano tático” prolongaram-se no tempo e, por isso, Djaló motivou sempre “grandes interrogações.” “Deu o salto, em termos de compromisso, somente na última época, na equipa B. Não tenho dúvidas de que mudou graças ao trabalho do Artur Jorge. Percebeu, por fim, o que deve ser um profissional de futebol e, naturalmente, atingiu a plenitude, porque não lhe faltam qualidades. A jogada que resultou no golo do Abel Ruiz define bem o Álvaro: marca a diferença pela irreverência em campo. Faz aquilo frente ao Sporting ou contra o Merelinense. Tem uma capacidade atlética incrível e isso verifica-se nas mudanças de velocidade”, explica. Certo de que está no ponto para “fazer um jogo completo”, José Carvalho Araújo acha que o ex-jogador dos bês rende mais sobre a esquerda para “fazer diagonais” e garante que Ricardo Esgaio não falhou na marcação ao bracarenses. “Um jogador daqueles precisa de ter sempre dois para vigiá-lo. Faltou alguém para dobrar o Esgaio”, remata, em jeito de aviso.
“Um jogador daqueles precisa de ter sempre dois para vigiá-lo”
José Carvalho Araújo Ex-treinador dos juniores do Braga