O Jogo

A mulher de César não aparece

- Carlos.florido@ojogo.pt

Sempre considerei que a atuação das autoridade­s deve ser irrepreens­ível, por ser sua obrigação dar um exemplo à sociedade. A Justiça portuguesa tem estado demasiado vezes longe do exemplar, mas quando surgiu a operação “Prova limpa”, pelos meios invulgares que envolveu, fiquei com a esperança de que devolvesse a credibilid­ade ao ciclismo português – para o bem ou para o mal –, muito abalada há demasiados anos a nível internacio­nal. Ando cansado de ler brincadeir­as sobre os “megawatts” dos corredores da Grandíssim­a, uma mentira contada demasiadas vezes. Os estrangeir­os levam tareias em Portugal porque são fracos e chegam mal preparados, enquanto entre os corredores nacionais há gente de qualidade e no pico de forma. Mas voltemos ao essencial, as ações da PJ e da AdoP. A primeira nunca divulgou o que apreendeu nas buscas aos ciclistas da W52-FC Porto, mas foi deixando constar que teria bolsas de sangue e medicament­os que pintavam um quadro muito grave, para fazer mais revistas na véspera do arranque da Volta a Portugal, uma delas, ao que ouvi, tendo só por base uma denúncia. A Autoridade Antidopage­m também foi passando informaçõe­s em “off ”, contraditó­rias com a sua atuação: se o caso era assim grave, qual a necessidad­e de pedir explicaçõe­s aos corredores sobre o que estava na sua posse? Ou de lhes fazer controlos quase diários? Em contrapart­ida, só existiu controlo antidoping numa das provas dos Campeonato­s Nacionais e a Volta a Portugal está a terminar não existindo mais do que as recolhas de urina previstas por lei. A mulher de César anda desapareci­da e com ela as esperanças de credibilid­ade restaurada. estas linhas não são uma achega aos resultados da Volta; eles são os mesmos de 2021, se retirarmos a W52-FC Porto e dois bons estrangeir­os.

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