Douro a nado está de regresso
NATAÇÃO Foi preciso esperar 40 anos para que as águas do rio Douro voltassem a acolher uma grande prova
Um emaranhado de burocracia ditou que fosse preciso recolher pareceres e autorizações de mais de uma dezena de entidades, públicas e privadas, para conseguir dispor do rio Douro durante hora e meia.
NUNO FILIPE
Passaram 106 anos sobre a primeira prova de natação no Douro (1916) e 43 (1979) desde que pela última vez o rio foi palco de uma competição. Era inevitável inverter o curso dos acontecimentos.“Aligaçãodas cidades ao rio impunha que recuperássemos a tradição” referiu Carlos Gonçalves, vice-presidente da Associação de Natação do Norte, impulsionadora da iniciativa desde que, no final do ano passado, uma nova direção tomou tomou posse.
A empreitada revelou-se “muito complexa, atendendo às inúmeras entidades envolvidas, que vão do ICBAS às Águas do Porto e Gaia, à DGS do Norte, Câmaras Municipais do Porto e Gaia, a Douro Marina, a Capitania do Douro, a APDL. Articular as exigências de todas elas foi um quebra-cabeças mas, felizmente, conseguimos” dispara, confiante, porque “senti sempre muito apoio e determinação em levar a coisa adiante”.
A prova, que tem um orçamento de 40 000 mil euros, será disputada amanhã, com partida às 9h30, entre a Ponte Luiz I (saída do meio do rio) e a Douro Marina, em Gaia, numa
distância de 4 km. À chamada responderam 220 nadadores e triatletas. “Trezentos era o limite mas, para primeira edição, estamos muito satisfeitos. É uma logística muito complicadasobretudoporquemontámostudoderaiz,semqualquer experiência e apenas com a vontade de ‘ressuscitar’ as provas no rio”.
Contando com inscrição de atletas de topo como Tiago Campos e Mafalda Rosa, ambos do Centro de Alto Rendimento de Rio Maior, a olímpica Vânia Neves, Hugo Ribeiro ou Tiago Maia e ainda inúmeros atletas master, a prova peca “apenas” por não contar com a recente medalhada no Europeu, a portista Angélica André, que, por decisão técnica, está a gozar um curto período de fériasdepoisdeumaépocaextremamente desgastante.