Mercado fechado, época em aberto
Um conjunto de bons ingredientes não garante um prato bem confecionado. É preciso esperar pelo andamento da temporada para perceber quem ganhou e perdeu com o mercado.
Com o fecho do mercado de transferências, as mesas dos consumidores de futebol encheram-se de saladas de análises para todos os gostos, mas as sentenças em relação aos ganhos e perdas de qualidade dos plantéis exigem prudência. Nem sempre mexer muito os ingredientes é bom. E se os títulos fossem atribuídos por decreto e na proporção dos investimentos a 1 de setembro, o Benfica, que gastou 64 milhões de euros, não teria precisado de sofrer tanto para vencer o Vizela, e com um penálti aos 90’+9’. Os encarnados, por agora, só podem festejar o título das compras.
O FC Porto investiu menos, pouco mexeu e não adquiriu o tal médio “box-to-box” que os adeptos desejavam. Porém, Sérgio Conceição mantém a confiança, como sublinhou na antevisão do jogo com o Gil Vicente, garante que a equipa será, bem à sua imagem, competitiva e fortíssima, até por saber que para ganhar em Barcelos é mais importante ter jogadores alerta desde o primeiro minuto – o que não aconteceu em Vizela e Vila do Conde – do que receber uma estrela de verão. Vitorioso no Estoril, o Sporting não precisou de trunfos da ponta final do mercado para entrar nos eixos. Deu-se ao luxo de prescindir de um concorrente direto a Paulinho e Rubén Amorim lá vai a jogo com os que tem. Para ontem, chegou. Como nos casos de Benfica e FC Porto, o andamento da época dirá se as investidas desenfreadas no mercado são solução para tudo, ou apenas conduzem os clubes a situações críticas como aquela que o FC Porto enfrentou e da qual se terá, finalmente, livrado, ao concluir o exercício 2021/22 com lucros acima de 15 milhões de euros, o que permite libertar-se da lupa do fair-play financeiro da UEFA.