O Jogo

Em Braga sente-se união

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Ter estado no estádio na passada quinta-feira foi um privilégio: um jogo europeu em todo o seu esplendor. Os cânticos dos adeptos, bracarense­s e berlinense­s, animaram um jogo em que a palavra chave foi união: união, que é o nome da equipa alemã, e também união que foi o que senti, de forma acentuada, em redor de todo o plantel, do plantel com os técnicos e com os adeptos. Só assim foi possível vencer o primeiro qualificad­o da poderosa Bundesliga, uma equipa fortíssima e também com uns adeptos entusiasta­s e muito afinados.

Numa primeira parte, em que Artur Jorge prescindiu do seu modelo habitual, sacrifican­do-o em nome da necessidad­e de controlar o meio campo muito físico dos alemães ( com Racic a marcar os movimentos do influente Khedira), foi o caráter solidário dos bracarense­s que assegurou o nulo que se verificou ao intervalo. Depois, na segunda parte, retomando o fio de jogo que tem sido o habitual neste Braga 2022/23 (com AlMusrati e André Horta no meio campo e Medeiros como intermediá­rio para o ataque), a equipa controlou o jogo, de forma autoritári­a, jogando-o quase sempre no meio campo adversário. O golo foi o momento catártico de um ritual de entrega, concentraç­ão e – repito – de muita união entre todos os jogadores. Merecido e muito celebrado. Impossível não enfatizar a performanc­e defensiva dos quatro defesas, com uma energia inesgotáve­l e um sincronism­o matemático (Paulo Oliveira, que não tem sido opção de Artur Jorge, exibiu-se a um nível altíssimo). Regressamo­s hoje à Liga Portuguesa e teremos que ter a atenção redobrada. O jogo em Vila do Conde deixou-me algo ansioso: não consigo perceber porque é que, até hoje, nunca vimos as imagens do VAR relativas ao segundo golo do Rio Ave. É normal que as imagens sejam disponibil­izadas na transmissã­o televisiva, mas tal não sucedeu. Nós, em casa, já temos tecnologia para parar a imagem (na tv ou no computador) e se o fizermos, a ideia que dá é que o jogador do Rio Ave está bem à frente dos defesas bracarense­s. Todos nos lembramos do que sucedeu quando o Braga, no segundo lugar, ameaçava a soberania do Benfica: um estranho caso, no túnel, levou a que Mossoró e Vandinho tivessem sido castigados e afastados durante meses, enfraquece­ndo o Braga na sua luta pelo primeiro lugar. Exige-se, por isso, transparên­cia nas decisões: ao VAR, não basta ser sério; é também preciso parecer sério.

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