O Jogo

Zé Carlos:

O algodão não nos enganou

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No futebol, as primeiras impressões são muitas vezes enganadora­s. Eu e outro amigo vitoriano ainda hoje nos rimos do nosso entusiasmo com o primeiro jogo de um avançado brasileiro que em tempos arribou a Guimarães: “Que craque!” “Ainda vai ser o melhor marcador do campeonato!”, vaticináva­mos nós, plenos de convicção. No segundo jogo, acompanhad­o de outro amigo, este vê o dito artilheiro a receber uma bola com a canela e atirou também de pronto: “Este tipo não vale nada”. Foi ele que acabou por ter razão.

Ainda este ano eu descrevia nesta coluna (ao fim de um só jogo) o meu entusiasmo com o nosso novo lateral esquerdo japonês e a verdade é que as coisas não têm sido nada famosas, ao ponto de se anunciar o regresso do dito ao país do sol nascente.

O contrário também acontece: primeiras impressões nada animadoras que vêm a revelar-se felizmente infundadas. O jogador começa a adaptar-se e a crescer em confiança e alguém por quem não se dava um tostão furado vem a revelar-se uma excelente aquisição.

O espantoso é que estes erros de análise não atingem só os meros adeptos, mas igualmente a estrutura dos próprios clubes, incluindo os treinadore­s. Esses sim têm tempo de observar, analisar com detalhe determinad­o jogador e ainda assim tantas vezes as coisas correm ao contrário do que se esperava,

Felizmente, há também muitas apostas ganhas. Uma delas é a de Zé Carlos. Chegado de um patamar competitiv­o inferior, ao fim de alguns jogos percebemos todos que o algodão não enganava e que estava ali um belo jogador. Na verdade, o ex-varzinista, em missão de sacrifício, aguentou o nosso barco encostado à direita enquanto os donos do lugar recuperava­m de lesões.

Infelizmen­te, a sorte foi muito madrasta para ele. Uma lesão obriga-o agora a paragem longa e talvez não seja ainda esta época que veremos Zé Carlos no meiocampo em jogos do campeonato, algo por que todos ansiávamos.

Apesar disso, anuncia-se que não será esse facto que vai alterar seja o que for no que toca aos planos do Vitória, que exercerá na mesma a opção que lhe cabe. Esta é uma das tais despesas que, mais do que um gasto, é sim um investimen­to que se saúda.

Ao atleta, resta-nos desejar uma rápida e segura recuperaçã­o. O nosso coração já ele conquistou. Só falta conquistar o tal lugar no centro do terreno.

Para todos os vitorianos, votos de um feliz Natal.

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