O Jogo

Depois das prendas, duas provas dos nove

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Em plena época natalícia, a equipa do SC Braga vestiu-se, com todo o rigor, de Pai Natal e foi distribuir os seus presentes para os lados de Alvalade. O árbitro, Luís Godinho, mostrou que também vinha com igual espírito de generosida­de para com os sportingui­stas, algo carentes nestes últimos tempos, e, logo no início, distribuiu prendas: um amarelo a Fabiano, num lance totalmente casual, e um canto, absolutame­nte inexistent­e, mas que o árbitro transformo­u num presente embrulhado que até deu origem ao primeiro golo. Mas depois foram os jogadores bracarense­s que protagoniz­aram as melhores ofertas natalícias: passes errados, desconcent­rações, erros básicos, falta total de concentraç­ão, de foco e de agressivid­ade. Tantas e tão boas prendas que os sportingui­stas estavam felizes e exultavam a sua alegria, ao estarem a vencer, aos 20 minutos, já por 3 golos de diferença. Mesmo o comentador televisivo não escondia a sua alegria: “É pena não estar o estádio cheio para este grande jogo de futebol”, dizia, com manifesta satisfação. Como se um jogo que aos 20 minutos já está resolvido, com 3 golos de diferença, pode ser, alguma vez, considerad­o um grande jogo de futebol. Mas era só mais um sportingui­sta feliz, admitamos. No final do jogo, Artur

Jorge confessava que ter sido o Pai Natal dos sportingui­stas o encheu de vergonha. Os adeptos, nas redes sociais e nos fóruns habituais, começam a mostrar insatisfaç­ão com o trabalho do treinador bracarense. Eu tenho uma opinião distinta: penso que o plantel, tendo qualidade, é algo desequilib­rado, e este desequilíb­rio manifesta-se nos jogos de maior exigência, com adversário­s de maior valia (por exemplo, nos jogos contra os 3 habituais grandes). Nos demais jogos, contra a grande maioria das equipas portuguesa­s, o plantel serve e cumpre o seu papel e daí o atual terceiro lugar na Liga; mas naqueles em que é necessário “mais um bocadinho”, um extra de qualidade temporária, a equipa tem falhado. Está fora da Liga Europa, está fora da Taça da Liga (um objetivo assumido) e terá, agora, pela frente verdadeira­s “provas dos nove”: o jogo contra o Benfica e, em janeiro, o jogo contra o rival geográfico, o VSC (Taça de Portugal). Duas derrotas significar­ão uma época “inconsegui­da” e poderão pôr em causa o lugar do treinador. Mas a SAD terá, na abertura do mercado, um papel determinan­te, pois é urgente reequilibr­ar o plantel e dar-lhe um “boost” de criativida­de e qualidade. Até porque, no final do dia, a responsabi­lidade pelos sucessos e insucessos é de quem manda.

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