Ilações do Mundial
E Taça da Liga
Após um Mundial com excelentes jogos e algumas surpresas as notícias regressaram ao tabuleiro nacional, com a procura de temas a manter em alta o rescaldo da emocionante final. As notícias, reportagens e comentários sobre a Argentina e Messi estiveram presentes com tal destaque que mais parecia que o campeão tinha sido Portugal. A par deste incompreensível fenómeno ao estilo “todos somos Argentina”, que não subscrevo, os demais apontamentos foram para a saída de Fernando Santos e o futuro de Ronaldo. Para estes, e como é hábito numa nação pouco grata e de fraca memória, passou-se do 8 para o 80, do tiro ao alvo inclemente durante a competição para os elogios e desculpabilização. Ao apedrejamento diário (que nos prejudicou) sucederam palmadinhas nas costas das vítimas, num exercício pouco sério sobretudo porque nada de essencial é analisado. E há tanto que ponderar para que o nosso futebol cresça em qualidade e readquira capacidade de se impor na Europa, se agigante como cada vez mais vemos nas maiores competições. Se pensarmos bem, tal será possível com excelência de gestão, trabalho e escolhas criteriosas de atletas e treinadores, em especial. Trazer experiência mas também elevada qualidade com potencial de valorização. Otamendi e Enzo são hoje os expoentes desses critérios, mas outros que estiveram no Catar e por cá atua(ra)m sobressaíram. Devemos aspirar a mais, o que é possível com boa distribuição de receitas que alimente a nossa reconhecida capacidade de “peneirar” e descobrir diamantes. Na Taça da Liga, equipas ditas “fracas” foram apuradas para os quartos de final com bom futebol e atletas interessantes. Arouca, Académico de Viseu e o sensacional Moreirense (ficou à frente do Benfica) destacaram-se. O que poderia ser de maior emoção e bons espetáculos se estes e outros clubes fossem financeiramente reforçados? Julgo que o modelo competitivo da Taça da Liga melhorou, seguindo o padrão europeu de tratar todos de forma idêntica, sem que haja filhos diletos.
Trazer experiência mas também elevada qualidade com potencial de valorização é uma forma de o nosso futebol crescer. Otamendi e Enzo são hoje os expoentes desses critérios, mas também sobressaíram no Catar outros que por cá atua(ra)m
As equipas vão ter comportamentos diversos com o reatar do campeonato. Sporting e Porto parecem melhores, o Braga continua errático, Guimarães pouco inspirado. Que Benfica regressará? O treinador será essencial para fazer uns descer à Terra, outros evoluir ou ganhar ritmo. Há que gerir excesso de jogos com expectativas alcançadas ou frustradas, olhando os exemplos mais surpreendentes do Mundial e da Taça da Liga para pensar que nada é impossível num jogo de futebol.