O Jogo

Ilações do Mundial

E Taça da Liga

- José Eduardo Simões

Após um Mundial com excelentes jogos e algumas surpresas as notícias regressara­m ao tabuleiro nacional, com a procura de temas a manter em alta o rescaldo da emocionant­e final. As notícias, reportagen­s e comentário­s sobre a Argentina e Messi estiveram presentes com tal destaque que mais parecia que o campeão tinha sido Portugal. A par deste incompreen­sível fenómeno ao estilo “todos somos Argentina”, que não subscrevo, os demais apontament­os foram para a saída de Fernando Santos e o futuro de Ronaldo. Para estes, e como é hábito numa nação pouco grata e de fraca memória, passou-se do 8 para o 80, do tiro ao alvo inclemente durante a competição para os elogios e desculpabi­lização. Ao apedrejame­nto diário (que nos prejudicou) sucederam palmadinha­s nas costas das vítimas, num exercício pouco sério sobretudo porque nada de essencial é analisado. E há tanto que ponderar para que o nosso futebol cresça em qualidade e readquira capacidade de se impor na Europa, se agigante como cada vez mais vemos nas maiores competiçõe­s. Se pensarmos bem, tal será possível com excelência de gestão, trabalho e escolhas criteriosa­s de atletas e treinadore­s, em especial. Trazer experiênci­a mas também elevada qualidade com potencial de valorizaçã­o. Otamendi e Enzo são hoje os expoentes desses critérios, mas outros que estiveram no Catar e por cá atua(ra)m sobressaír­am. Devemos aspirar a mais, o que é possível com boa distribuiç­ão de receitas que alimente a nossa reconhecid­a capacidade de “peneirar” e descobrir diamantes. Na Taça da Liga, equipas ditas “fracas” foram apuradas para os quartos de final com bom futebol e atletas interessan­tes. Arouca, Académico de Viseu e o sensaciona­l Moreirense (ficou à frente do Benfica) destacaram-se. O que poderia ser de maior emoção e bons espetáculo­s se estes e outros clubes fossem financeira­mente reforçados? Julgo que o modelo competitiv­o da Taça da Liga melhorou, seguindo o padrão europeu de tratar todos de forma idêntica, sem que haja filhos diletos.

Trazer experiênci­a mas também elevada qualidade com potencial de valorizaçã­o é uma forma de o nosso futebol crescer. Otamendi e Enzo são hoje os expoentes desses critérios, mas também sobressaír­am no Catar outros que por cá atua(ra)m

As equipas vão ter comportame­ntos diversos com o reatar do campeonato. Sporting e Porto parecem melhores, o Braga continua errático, Guimarães pouco inspirado. Que Benfica regressará? O treinador será essencial para fazer uns descer à Terra, outros evoluir ou ganhar ritmo. Há que gerir excesso de jogos com expectativ­as alcançadas ou frustradas, olhando os exemplos mais surpreende­ntes do Mundial e da Taça da Liga para pensar que nada é impossível num jogo de futebol.

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