O Jogo

Paraísos de craques em fim de carreira

- Vitor.santos@ojogo.pt

A opção de Ronaldo pelo Al-Nassr surge em linha com a ponta final das carreiras de outras grandes figuras do futebol. Há sempre uma boa razão para mudarmos de ideias. No caso de CR7, são 500 milhões de razões.

Cristiano Ronaldo está no topo do futebol mundial há duas décadas. Colecionou distinções e títulos, faltou-lhe o de campeão do Mundo de seleções. Embora ainda continue em atividade, depois do que se passou no Catar creio que até aquele desejo de disputar mais um Campeonato da Europa estará em risco. O Mundial, então, é uma miragem. Mas não chegou a hora de fazer o balanço da carreira, ainda que a transferên­cia para o Al-Nassr, da Arábia Saudita, indique que a curva segue descendent­e. A pique.

A troca de clube elevou meio mundo à categoria de gestor de carreiras. Não falta quem se escandaliz­e com a ideia de ver um dos maiores da história do jogo atuar numa liga periférica. Também eu gostava de ver este português distinto vestir uma camisola com outra força, numa grande liga e a lutar por títulos europeus. Depois do que (não) foi a pré-época, devido a problemas familiares, sabendo-se a implicação que isso pode ter num atleta com 37 anos, espero ainda ver Cristiano Ronaldo a um nível satisfatór­io. O tempo dirá. Mas convém desmistifi­car a ideia de que esta movimentaç­ão para relvados movediços é uma espécie de tragédia desportiva que mancha o jogador. Nestes dias em que o futebol chora a morte de Pelé, vem mesmo a propósito recordar que o brasileiro disse adeus aos relvados após três anos no Cosmos, de Nova Iorque; e que Eusébio também andou pelos Estados Unidos a fazer uma perninha; bem como Cruijff – em Los Angeles e Washington –, embora encerrando o percurso no Feyenoord.

Estes exemplos provam que nada disto é novo. É surpreende­nte, no caso de Cristiano Ronaldo, uma vez que ainda há meia dúzia de anos criticava a mudança de colegas de profissão para ligas de menor expressão. Mas só os patetas não mudam de opinião, sendo que o português tem 500 milhões de razões para o fazer.

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