“QUALIDADE SUBIU DE NÍVEL”
Campeão da primeira edição da Liga 3, com o Torreense, o técnico faz radiografia da prova e dos candidatos mais fortes
Sem clube desde que deixou o comando técnico do Torreense, em setembro último, Nuno Manta revela ter recebido convites para treinar neste escalão e também na II Liga, mas nenhum o aliciou.
Após passagens pelos bancos de Feirense, Marítimo e Aves, todos no principal escalão, Nuno Manta voltou a ser feliz quando, em novembro de 2021, aceitou o convite do Torreense e terminou a época como o primeiro campeão da Liga 3, derrotando na final a Oliveirense, no Jamor. O treinador, de 44 anos, admite que não contava ter saído de Torres Vedras em setembro, numa fase tão precoce da II Liga, mas, quando as exibições não se aliam aos resultados, a rutura é inevitável.
Foi o vencedor da primeira edição da Liga 3. Como tem visto a evolução desta prova?
—Aproveito para enaltecer o feito que o Torreense alcançou na época passada e deixar uma nota de orgulho e satisfação pelo trabalho conseguido por todos os jogadores, equipa técnica e staff. Toda a gente participou e deu o máximo; foi com muito sacrifício, união e foco que conseguimos um feito inédito. Há 24 anos que o clube procurava subir de divisão, e foi fantástico juntar a isso ser campeão na primeira edição da Liga 3. Quero dar os parabéns à Federação pela prova que iniciou. Hoje em dia, toda a gente acompanha esta Liga 3 a nível nacional. O Canal 11 e os jornais vão fazendo muita propaganda. No ano passado, que foi o arranque, pode ter falhado um ou outro aspeto. Este ano, por aquilo que fui vendo, a qualidade aumentou, a competitividade também, e a luta pela qualificação para os primeiros quatro lugares e restantes foi até à última jornada . Há ainda o acréscimo de descerem duas equipas de cada grupo, e isso trará uma luta mais intensa.
Apostava nos oito clubes que se apuraram para a fase de subida ou houve alguma surpresa/desilusão?
—Recordando o início da competição, houve equipas que se assumiram como candidatas à subida, e havia outros clubes que, por terem descido de divisão, teriam suporte para a qualificação rumo à segunda fase. Houve três que me surpreenderam não estarem entre os quatro primeiros: Académica, V. Setúbal e Varzim. À exceção deste, que lutou até à última jornada pelo apuramento, os outros surpreenderam-me pela negativa. Realço o Länk Vilaverdense e o Felgueiras pela regularidade, e conseguiram meritoriamente ficar nesses lugares. O Amora não foi surpresa, já é um trabalho que vem de base do ano passado, reforçou-se com jogadores provenientes da II Liga e de patamares internacionais, e é uma equipa que tem alta percentagem de lutas pelo acesso à II Liga.
E quem são os dois grandes favoritos a subir, e já agora o mais forte a suceder-lhe como campeão?
—Nesta fase, todas as equipas têm expectativas e legitimidade para lutar pela subida. Há duas equipas que me parecem mais fortes, que são o U. Leiria e o Alverca, mas ambas estão no mesmo grupo. A primeira jornada é entre elas, e aí já se pode decidir muita coisa, apesar de o Felgueiras também poder entrar nessa luta. No outro grupo [Sanjoanense, Amora, Länk Vilaverdense e Belenenses], vejo muito equilíbrio e igualdade. Os primeiros pontos vão contar muito.
A nível de jogadores, quem destacaria?
—Não acompanho todos os jogos, só alguns, dos outros vejo resumos. Por aquilo que vi, acho o Clé [Belenenses] um jogador interessante, com potencial para avançar para outras ligas. Van der Gaag e o Jair, ambos do U. Leiria, o Caleb [Amora], o Sacko e o João Santos, do Felgueiras, e o Pedro Santos [Braga B] também perspetivo que cheguem longe.
Na época passada, o Mateus foi considerado o melhor jogador, quem irá ser o próximo?
—Quando cheguei ao Torreense, só conhecia o Mateus como adversário, e tive o prazer de trabalhar com um grande profissional como ele é. Ganhou o prémio com mérito, devido aos golos que fez
e ao trabalho de toda a equipa, por isso, não me surpreendeu. Quanto ao sucessor, vai passar um pouco pelo que acontecer agora.
Os adeptos terão um peso importante nas decisões?
—Os adeptos são sempre fundamentais, e quando chegámos a momentos de decisão notámos que se envolvem muito mais, assim como a comunidade em geral. Isso torna os jogos mais entusiasmantes e intensos. Ter estádios cheios é muito melhor para todos. Chegámos a ter oito mil pessoas no estádio [do Torreense] e no Jamor [na final da Liga 3] estiveram 12 mil.