UMA ESTREIA COM UM DÍNAMO CHAMADO JOÃO
TRANQUILO Portugal começou com o pé direito a qualificação. Frente a um rival fechado, a Seleção cumpriu os serviços mínimos. Há muita coisa por olear
Com três centrais, Cancelo foi mais um atacante a desequilibrar o jogo com um golo e teve participação decisiva nos dois seguintes. CR7 assinalou recorde de jogos com dois remates certeiros de bola parada.
O objetivo principal foi conseguido. Na estreia de RobertoMartínez no comando da Seleção Nacional, a obrigação era vencer o Liechtenstein e dar início à qualificação para o Euro’2024 conquistando três pontos, o que foi alcançado com um triunfo claro, por 4-0. O jogo não foi deslumbrante, mas a vitória nunca esteve em causa e a goleada poderia ter ganho outra dimensão face aos mais de 30 remates realizados. Faltou um pouco mais de pontaria, rapidez de processos e entrosamento para desmontar mais vezes a defesa contrária, quase sempre metida nos últimos 30 metros.
Sem surpresa, o técnico espanhol apresentou um onze com três centrais, promovendo a estreia de Gonçalo Inácio, que já tinha sido chamado por Fernando Santos mas não jogara. Danilo – habituado a este esquema no PSG, tal como o sportinguista – e Rúben Dias completaram o trio de defesas que, na prática, jogaram quase sempre bem dentro do meiocampo contrário, com o jogador do City a procurar muitas vezes entrar em zonas próximas da área para criar superioridade.
Os laterais, se é que se podem considerar como tal olhando às zonas que ocuparam, foram João Cancelo e Raphael Guerreiro. Numa fase inicial, começou por ser o segundo a estar mais em jogo, combinando bem com João Félix (bom primeiro tempo) sobre a esquerda, mas, desde que abriu o marcador, logo aos 8’, num tiro de fora da área, até final, foi o jogador do Bayern quem se destacou. O camisola 20 foi mais um atacante, e quase sempre o elemento desequilibrador: pela velocidade, capacidade de desmarcação, técnica, drible, cruzamentos e remates.
Com um rival que raras vezes conseguiu passar do meiocampo e foi sufocado quase à saída da área, faltou, ainda assim, velocidade e rotinas para expor todas as fragilidades do Liechtenstein. Nesse particular, Bruno Fernandes e Bernardo Silva estiveram desaparecidos no primeiro tempo, assim como Cristiano Ronaldo, que deu nas vistas por uma perdida incrível, aos 23’. Já Palhinha, um jogador que promete ser muito útil frente adversários de outra envergadura, até se destacou por dois remates perigosos, um em cada parte, que Buchel defendeu para canto.
A primeira parte arrastou-se, agitada apenas por alguns remates de fora da área. Contudo, a segunda parte trouxe uma nova atitude e dinâmica. Em quatro minutos chegaram mais dois golos, ambos com a mesma génese: Bruno Fernandes a desmarcar Cancelo na área. No 2-0, o ala cruzou para corte que acabou por deixar a bola à mercê do remate certeiro de Bernardo Silva; no 3-0, o jogador do Bayern sofreu falta para penálti. Ronaldo, que até aí passara ao lado do jogo, assinalou um recorde mundial de internacionalizações com mais um golo. E viria a bisar, em nova bola parada, desta vez, num livre em que chutou forte, mas contou comum amá abordagem de Buchel, que deixou a bola passar.
Domingo há mais um jogo para ganhar, no Luxemburgo, frente a um rival mais capaz (demonstrou-o com o empate na Eslováquia a zeros) e que pode levar Roberto Martínez a regressar a um esquema sem três centrais para promover a entrada de outros que, ontem, foram suplentes ou nem jogaram.