O Jogo

UMA ESTREIA COM UM DÍNAMO CHAMADO JOÃO

TRANQUILO Portugal começou com o pé direito a qualificaç­ão. Frente a um rival fechado, a Seleção cumpriu os serviços mínimos. Há muita coisa por olear

- Textos ANTÓNIO PIRES

Com três centrais, Cancelo foi mais um atacante a desequilib­rar o jogo com um golo e teve participaç­ão decisiva nos dois seguintes. CR7 assinalou recorde de jogos com dois remates certeiros de bola parada.

O objetivo principal foi conseguido. Na estreia de RobertoMar­tínez no comando da Seleção Nacional, a obrigação era vencer o Liechtenst­ein e dar início à qualificaç­ão para o Euro’2024 conquistan­do três pontos, o que foi alcançado com um triunfo claro, por 4-0. O jogo não foi deslumbran­te, mas a vitória nunca esteve em causa e a goleada poderia ter ganho outra dimensão face aos mais de 30 remates realizados. Faltou um pouco mais de pontaria, rapidez de processos e entrosamen­to para desmontar mais vezes a defesa contrária, quase sempre metida nos últimos 30 metros.

Sem surpresa, o técnico espanhol apresentou um onze com três centrais, promovendo a estreia de Gonçalo Inácio, que já tinha sido chamado por Fernando Santos mas não jogara. Danilo – habituado a este esquema no PSG, tal como o sportingui­sta – e Rúben Dias completara­m o trio de defesas que, na prática, jogaram quase sempre bem dentro do meiocampo contrário, com o jogador do City a procurar muitas vezes entrar em zonas próximas da área para criar superiorid­ade.

Os laterais, se é que se podem considerar como tal olhando às zonas que ocuparam, foram João Cancelo e Raphael Guerreiro. Numa fase inicial, começou por ser o segundo a estar mais em jogo, combinando bem com João Félix (bom primeiro tempo) sobre a esquerda, mas, desde que abriu o marcador, logo aos 8’, num tiro de fora da área, até final, foi o jogador do Bayern quem se destacou. O camisola 20 foi mais um atacante, e quase sempre o elemento desequilib­rador: pela velocidade, capacidade de desmarcaçã­o, técnica, drible, cruzamento­s e remates.

Com um rival que raras vezes conseguiu passar do meiocampo e foi sufocado quase à saída da área, faltou, ainda assim, velocidade e rotinas para expor todas as fragilidad­es do Liechtenst­ein. Nesse particular, Bruno Fernandes e Bernardo Silva estiveram desapareci­dos no primeiro tempo, assim como Cristiano Ronaldo, que deu nas vistas por uma perdida incrível, aos 23’. Já Palhinha, um jogador que promete ser muito útil frente adversário­s de outra envergadur­a, até se destacou por dois remates perigosos, um em cada parte, que Buchel defendeu para canto.

A primeira parte arrastou-se, agitada apenas por alguns remates de fora da área. Contudo, a segunda parte trouxe uma nova atitude e dinâmica. Em quatro minutos chegaram mais dois golos, ambos com a mesma génese: Bruno Fernandes a desmarcar Cancelo na área. No 2-0, o ala cruzou para corte que acabou por deixar a bola à mercê do remate certeiro de Bernardo Silva; no 3-0, o jogador do Bayern sofreu falta para penálti. Ronaldo, que até aí passara ao lado do jogo, assinalou um recorde mundial de internacio­nalizações com mais um golo. E viria a bisar, em nova bola parada, desta vez, num livre em que chutou forte, mas contou comum amá abordagem de Buchel, que deixou a bola passar.

Domingo há mais um jogo para ganhar, no Luxemburgo, frente a um rival mais capaz (demonstrou-o com o empate na Eslováquia a zeros) e que pode levar Roberto Martínez a regressar a um esquema sem três centrais para promover a entrada de outros que, ontem, foram suplentes ou nem jogaram.

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Gonçalo Ramos começou no banco a era Martínez

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