Apostas abalam campeonatos
Escândalo começou na Série B, mas já há vários jogadores de clubes do escalão principal envolvidos
Nathan, que passou pelo Belenenses em 2017/18, está indiciado no processo, mas Renato Gaúcho, seu técnico no Grémio, proclama inocência. CBF não suspende competições e Abel Ferreira concorda.
É o assunto que marca a atualidade do futebol brasileiro e promete não ficar por aqui. São já mais de 40 os jogadores indiciados na Operação “Penalidade Máxima”, que investiga esquemas de apostas e abrange todos os patamares, entre os quais a Série A - ontem, já dez atletas de clubes do principal escalão tinham sido afastados dos trabalhos das respetivas equipas, entre eles Richard, do Cruzeiro (orientado por Pepa), e Kevin Lomónaco, do Bragantino (treinado por Pedro Caixinha), que já admitiu a participação no esquema, estando a cooperar com a investigação.
Ontem, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) defendeu a “punição de atletas e demais participantes (...) de forma veemente”, assim como “a suspensão preventiva baseada em suspeitas concretas e até a irradiação do desporto em casos comprovados”. “Quem comete crimes não deve fazer parte do futebol brasileiro e mundial”, disparou o presidente Ednaldo Rodrigues, descartando porém a suspensão dos campeonatos no país.
Uma posição com a qual Abel Ferreira parece concordar. “O futebol é maior do que todas as polémicas, e já tivemos tantas. É lamentável, mas o futebol, para mim, é isto que vimos aqui (jogo contra o Grémio). Acredito que as entidades farão o seu trabalho de excelência. O futebol vai sobreviver”, salientou o treinador do Palmeiras após a vitória (4-1) que lhe valeu a subida à liderança do Brasileirão. Renato Gaúcho, o técnico derrotado, também se pronunciou sobre o assunto, garantindo que o médio Nathan, que passou pelo Belenenses em 2018/19 e que é citado no processo, “é inocente”.
Conduzido pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o processo teve início após uma partida entre o Vila Nova e o Sport Recife, com Romário, da equipa goianiense, a receber uma oferta de 27 mil euros para cometer um penálti (com dois mil a serem pagos de imediato como garantia). O atleta, todavia, acabou por não ser convocado para essa partida e por isso tentou convencer colegas de equipa a cometer o penálti, sem que alguém tivesse aceite; o caso chegou ao presidente do clube, Hugo Jorge Bravo, polícia militar de profissão, que de imediato notificou o MP-GO. No seguimento das investigações, foi detido o empresário Bruno Lopes de Moura, apontado como líder do esquema que se centra sobretudo no aliciamento de jogadores para verem cartões amarelos ou cometerem penáltis em determinados momentos dos jogos.