WRC VAI TER DE MUDAR
RALI DE PORTUGAL Campeonato é popular, ao vivo mas não na TV, tem poucos construtores e todos acham ser preciso um novo formato. Com carros híbridos, elétricos, biofuel ou hidrogénio
O entusiasmo de um Rali de Portugal não é suficiente e no WRC pede-se uma mudança, para chamar mais construtores. “Todos mudam, menos nós, e o interesse está a desaparecer”, desabafa Neuville.
Há um ano, o Rali de Portugal contava com 12 dos novos Rally1, que se estreavam no nosso país em pisos de terra. Hoje, às 9h05, eles serão oito quando se der a partida para a classificativa da Lousã, primeira das duas rondas pela zona de Arganil. A diminuição, ao segundo ano dos WRC híbridos, é um mau sinal, estando o campeonato em acesa discussão sobre o que deve mudar, embora os regulamentos atuais tenham validade até 2026. “O formato... Devemos começar por aí. O fim de semana é demasiado longo, precisa de uma narrativa para cada dia”, sugere Cyril Abiteboul, um responsável da Hyundai que tem a vantagem de chegar da Fórmula 1.
Os ralis são um êxito ao vivo, tão grande que a maioria dos organizadores criam dificuldades ao público nos acessos aos troços. Mas na televisão as audiências são baixas e nunca se encontrou um formato apetecível. “Já ninguém fica muito tempo a ver carros no meio de uma floresta. Isso é espetacular ao vivo, não na TV. Como piloto sinto o interesse dos media a cair.
Na Bélgica, já ninguém liga ao WRC”, disse Thierry Neuville na Exponor, achando que o “envolvimento dos construtores já não é o mesmo”. O piloto da Hyundai surpreendeu, há dias, ao responder a um “tweet” sobre possíveis novas equipas com um desanimador “temos é de manter os 2,5 que temos”. O belga referia-se à sua equipa, à Toyota e a uma Ford que se faz representar pela M-Sport.
“Não devemos imitar a F1, mas há dez anos eles tinham bancadas vazias e vejam como estão agora”, refere Abiteboul, dando ideias de como “atribuir pontos em todas as classificativas de domingo”.
Ao nível da Federação Internacional do Automóvel, o debate é outro. O fornecedor dos motores elétricos (Compact Dynamics) só tem acordo até 2026, faltando saber se é renovado ou se se procura outra direção. As alternativas são três: biofuel, hidrogénio ou elétricos. A quarta hipótese, opção pelos atuais, mais baratos e bem sucedidos WRC2, não é encarada, pois os construtores olham o WRC como uma “montra tecnológica”.
“Estamos num ponto crítico. Gasta-se muito dinheiro e é preciso retorno”
Thierry Neuville Piloto da Hyundai