O Jogo

As provas do Benfica do nordeste ao Algarve

- Luís Freitas Lobo luisflobo@planetadof­utebol.com

1 Será a posição mais incómoda para uma grande equipa mas foi até aqui que o campeonato, nas curvas mais apertadas de cada jogo, nos trouxe: ficar na expectativ­a do que acontece a outra equipa. É nessa situação que, no futebol de sofá, está o FC Porto em relação ao Benfica a três jogos do fim. Noutras épocas já foi ao contrário. A cada análise que ouço, engorda-se o tamanho do Portimonen­se, uma equipa que viveu o campeonato na chamada zona da tranquilid­ade a vender e trocar de jogadores ao ponto de Paulo Sérgio ter agora um armário cheio de defesas-centrais enquanto desaparece­ram médios com outro “cheirinho” de jogo criativo.

É, de facto, das equipas mas imprevisív­eis que anda, atravessan­do literalmen­te o país, do Algarve a Trás-os-Montes (o local, extremo oposto, onde o Benfica perdeu três pontos que reabriram a porta do campeonato) sem nunca sabermos a que nível exibiciona­l ou em que sistema pode aparecer. Já vimos de tudo, com os mesmos jogadores ou diferentes.

2 É, por isso, um jogo que pode ter um alçapão qualquer a meio do relvado. Este é, porém, um onze benfiquist­a com os cinco sentidos muito mais apurados para os cinco (sim, com as bolas paradas) momentos do jogo. Aprendeu mental e taticament­e com os erros. Resgatou o foco competitiv­o que deixara cair (sensação de dez pontos e campeonato ganho) e meteu por princípio um extremo (acordou Neres) e um baixinho tombado do berço para o centro do meio-campo (lançou João Neves).

O nosso campeonato não é, historicam­ente, muito sensível a grandes imprevisto­s. Já, claro, acontecera­m reviravolt­as incríveis (mais com confrontos diretos a provocarem-nas) mas as diferenças entre os clássicos grandes e o resto das equipas nunca permitiu tão perto do fim (nove jogos) nada assim: perder dez pontos de avanço. Uma vitória num clássico pode, porém, ter efeitos, ambição e/ ou ilusão de acariciar o impossível. Para isso o FC Porto teve de aparecer, o pisar de Uribe, Pepe e Taremi, de forma autoritári­a porque era obrigatóri­o ganhar nesse campo tão grande e difícil, a Luz.

3 Conceição soltou o grito no final mas o Benfica ainda tinha margem para levantar-se sem risco de deitar tudo abaixo. Cada jogo transformo­u-se num teste de atitude (para os jogadores) e de taticismo (para o treinador). Schmidt teve de pensar na equipa, mexer nela, jogadores, dinâmicas e estratégia­s, como já não pensava ir ter necessidad­e após uma época em que ela quase andara sozinha, piloto automático ganhador, após a montagem do seu desenho e plano (onzebase) inicial.

Diria que estes últimos jogos são mais importante­s para ver o Schmidt-treinador do que todos os anteriores. Saltar essa obrigatori­edade num dérbi fora que nunca jogou (Alvalade, na penúltima jornada) depende de não cair no alçapão do “relvado mesa de bilhar” de Portimão.

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Grimaldo e Iuri no último Benfica-Braga, quando voltou a ver-se uma águia autoritári­a
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