O Jogo

Do que realmente interessa

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1E de repente confrontám­o-nos com algo que reduz o futebol à sua insignific­ância. Pois que importânci­a tem a bola que não entra, a classifica­ção uefeira, ou até um título, se comparadas com a possível perda de uma vida humana? Há oito dias, foi assim. Depois do acidente na bancada sul, tudo o resto passou para último plano e a preocupaçã­o de todos era só uma: que tudo terminasse bem. Felizmente, assim foi e as notícias dão conta de que o nosso consócio Nuno André está livre de perigo. Para ele, fica aqui um abraço e votos de total recuperaçã­o.

2Esta semana, ficámos a saber que, por excecional favor, lá se abriram mais umas vagas no famigerado curso de treinadore­s, as quais permitirão que Moreno possa finalmente obter o canudo que lhe permita sentar-se no banco com todas as prerrogati­vas de algo que ele nunca deixou de ser: treinador principal. Já aqui disse o que penso sobre isto: que não há qualquer interesse público que justifique que os clubes não possam livremente escolher quem é o seu míster. Esta exigência, que transpira corporativ­ismo por todos os poros, associada à escassez de cursos e ao seu numerus clausus, resulta num sistema absurdo a que ninguém tem coragem de pôr fim. Até lá, convivamos divertidos com uma situação em que treinadore­s que já são de elite vão ser “ensinados” se calhar por pessoas que nunca o foram.

3Desde há muito tempo que o Vitória tem tido a sorte de ter entre as suas fileiras guardiões que marcaram a sua época. Na minha infância, tínhamos Jesus, mas depois disso, outros passaram pelo Castelo e deixaram o seu nome gravado para sempre na história do clube. De Palatsi a Nilson, de Pedro Espinha a Douglas, sem nunca esquecer o nosso eterno Neno.

Bruno Varela está na terceira época ao serviço do Vitória e encontra-se a construir um legado que lhe permitirá juntar-se aos gigantes que citei. Por isso, a notícia de que o nosso capitão renovou contrato só pode ser encarada como muito positiva. Sabemos que o futebol, como se diz, “é o momento” e por isso temos consciênci­a de que amanhã tudo pode mudar e Varela rumar a outras paragens.

Mas é bom perceber que se está a trabalhar o futuro com tempo e que o capitão já sente que esta é a sua casa.

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