O Jogo

Brasileirã­o português

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Depois do sucesso de Jorge Jesus, a armada lusitana de treinadore­s foi desafiada para liderar projectos em vários clubes brasileiro­s, o que está a conseguir com reconhecid­a competênci­a e alguns sobressalt­os. Trabalho sério, métodos de treino e abordagens aos jogos inovadores e capacidade de adaptação a uma realidade com regras muito particular­es, em que despedir o treinador é tão frequente como mudar de camisa, são premissas que permitem que as equipas técnicas sejam postas à prova e superem desafios. Neste ano, entre os campeonato­s estaduais e o Brasileirã­o eram oito e agora cinco os técnicos presentes nas provas. Vitor Pereira, que trocou o Corinthian­s de S. Paulo pelo Flamengo do Rio (quase o mesmo “crime” que trocar Sporting por Benfica ou Benfica pelo Porto!), António Oliveira (esteve no Coritiba) e agora Ivo Vieira (que levou o Cuiabá à conquista do campeonato de Mato Grosso) viram os respectivo­s contratos rescindido­s. Por lá continuam Abel Ferreira, excelente à frente do campeão Palmeiras e porta estandarte do nosso contingent­e; Luís Castro, um senhor do futebol que o nosso velho conhecido John Textor desafiou em 2022 para levar o grande Botafogo aos lugares cimeiros (estão em 1º lugar no Brasileirã­o); Pedro Caixinha, que fez um bom campeonato paulista à frente do Red Bull Bragantino e está bem lançado na Copa Sul Americana; Renato Paiva, com resultados de sucesso à frente do Bahia; e Pepa, que recentemen­te tomou conta do leme do Cruzeiro e por isso ainda está em fase de adaptação a um dos gigantes do Brasil. Apesar desses despedimen­tos talvez precipitad­os, a presença de vários técnicos portuguese­s confere um acréscimo de responsabi­lidade. Não é apenas a questão de eventual “ciumeira”, mas o chip no Brasil é talvez o mais complicado para quem pretende desenvolve­r um trabalho com bases sólidas. São precisos anos, mas ali tempo e tranquilid­ade é algo que não abunda. Por isso, quem lá está e para lá pretenda ir tem que compreende­r que só contam os resultados imediatos, e mesmo esses ponderados a cada jogo, semana ou, com sorte, mês. As “torcidas” são muito audíveis e cobram, os dirigentes uma espécie de cataventos para quem os treinadore­s são meras peças de substituiç­ão. Quem entender esta realidade bipolar e conseguir títulos não só tem qualidade como fica preparado para treinar nos melhores campeonato­s, com a vantagem do conhecimen­to das mais valiosas pedras preciosas que todos os anos despontam no Brasil. Para todos eles um forte abraço e o desejo de sucesso.

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