O Jogo

Contagem decrescent­e para o fim do jejum

- Jorge Maia

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Depois de uma mão cheia de jornadas a alimentar dúvidas sobre as respetivas convicções em relação à conquista do título, o Benfica foi a Portimão mostrar que já ultrapasso­u o trauma provocado pela derrota frente ao FC Porto no clássico. Já havia outros sinais disso e o mais evidente de todos até chegou na semana passada, na receção ao Braga, com uma exibição mais segura do que brilhante, mas que teve o condão de exorcizar os fantasmas que ainda assombrava­m os encarnados relativame­nte à capacidade para se imporem a equipas do mesmo calibre. Ultrapassa­do esse bloqueio mental, o Benfica voltou a parecer-se com aquela equipa arrasadora que se viu durante a primeira fase da temporada, embora seja justo sublinhar que o Portimonen­se lhe facilitou a vida – e as palavras até são do treinador Paulo Sérgio - com uma sucessão de erros infantis. Por esta altura, o fim de jejum de títulos que atormenta o Benfica há quatro anos parece uma questão de tempo. Pode acontecer já hoje, se o FC Porto perder com o Casa Pia, embora os dragões não tenham o hábito de atirar a toalha antes do final dos respetivos combates. Pode ser na próxima semana, em Alvalade, o que não deixaria de ser uma espécie de consolo extra, depois de terem assistido à conquista do último título do outro rival histórico na Luz, há um ano. Ou, quem sabe, pode ficar tudo para a última jornada, o que não deixaria de

2acrescent­ar uma dose de dramatismo extra a um campeonato que chegou a ser dado como resolvido há meses. Quem diria que isto ia durar até ao fim? Além de Sérgio Conceição, claro. Das doze equipas envolvidas nas meiasfinai­s das três competiçõe­s europeias de clubes que se decidem nas próximas semanas cinco são italianas. Aliás, por esta altura, Itália já sabe que contará com um dos finalistas da Champions, a sair da eliminatór­ia discutida entre Milan e Inter. Na Liga Europa, a Roma de José Mourinho ganhou uma vantagem mínima frente ao Leverkusen na primeira mão e a Juventus vai a Sevilha discutir a passagem depois de um golo redentor de Gatti aos 90’+7’ ter garantido um empate importante no jogo disputado em Turim. Resta a Fiorentina, na Conference League, que perdeu por 1-2 frente ao Basileia, mas ainda pode repetir o feito da Roma, a primeira equipa a vencer a mais recente prova organizada pela UEFA. A questão é que no arranque da temporada, ninguém apostaria num cenário semelhante. Aliás, há um ano, nesta fase das competiçõe­s da UEFA, os italianos tinham apenas um representa­nte: a Roma. Sendo improvável que o futebol italiano tenha descoberto a pólvora todo ao mesmo tempo, o que explica este domínio nas provas europeias? Quer dizer, a toda poderosa Premier League tem “apenas” o City na Champions e o West Ham na Conference League e os sorteios, que favorecera­m o encontro entre transalpin­os na Liga dos Campeões, não explicam tudo. O que mudou este ano, então? Bem, pela primeira vez em 60 anos, Itália falhou a participaç­ão no Mundial. Por sinal, um Mundial disputado no inverno, forçando uma pausa a meio das principais ligas europeias. Que as equipas italianas tenham resistido melhor do que as restantes à quebra generaliza­da de rendimento nos últimos meses talvez não seja assim tão estranho. Claro que esta é apenas uma hipótese académica. Talvez seja melhor esperar pela próxima época para tirar a teima.

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