Contagem decrescente para o fim do jejum
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Depois de uma mão cheia de jornadas a alimentar dúvidas sobre as respetivas convicções em relação à conquista do título, o Benfica foi a Portimão mostrar que já ultrapassou o trauma provocado pela derrota frente ao FC Porto no clássico. Já havia outros sinais disso e o mais evidente de todos até chegou na semana passada, na receção ao Braga, com uma exibição mais segura do que brilhante, mas que teve o condão de exorcizar os fantasmas que ainda assombravam os encarnados relativamente à capacidade para se imporem a equipas do mesmo calibre. Ultrapassado esse bloqueio mental, o Benfica voltou a parecer-se com aquela equipa arrasadora que se viu durante a primeira fase da temporada, embora seja justo sublinhar que o Portimonense lhe facilitou a vida – e as palavras até são do treinador Paulo Sérgio - com uma sucessão de erros infantis. Por esta altura, o fim de jejum de títulos que atormenta o Benfica há quatro anos parece uma questão de tempo. Pode acontecer já hoje, se o FC Porto perder com o Casa Pia, embora os dragões não tenham o hábito de atirar a toalha antes do final dos respetivos combates. Pode ser na próxima semana, em Alvalade, o que não deixaria de ser uma espécie de consolo extra, depois de terem assistido à conquista do último título do outro rival histórico na Luz, há um ano. Ou, quem sabe, pode ficar tudo para a última jornada, o que não deixaria de
2acrescentar uma dose de dramatismo extra a um campeonato que chegou a ser dado como resolvido há meses. Quem diria que isto ia durar até ao fim? Além de Sérgio Conceição, claro. Das doze equipas envolvidas nas meiasfinais das três competições europeias de clubes que se decidem nas próximas semanas cinco são italianas. Aliás, por esta altura, Itália já sabe que contará com um dos finalistas da Champions, a sair da eliminatória discutida entre Milan e Inter. Na Liga Europa, a Roma de José Mourinho ganhou uma vantagem mínima frente ao Leverkusen na primeira mão e a Juventus vai a Sevilha discutir a passagem depois de um golo redentor de Gatti aos 90’+7’ ter garantido um empate importante no jogo disputado em Turim. Resta a Fiorentina, na Conference League, que perdeu por 1-2 frente ao Basileia, mas ainda pode repetir o feito da Roma, a primeira equipa a vencer a mais recente prova organizada pela UEFA. A questão é que no arranque da temporada, ninguém apostaria num cenário semelhante. Aliás, há um ano, nesta fase das competições da UEFA, os italianos tinham apenas um representante: a Roma. Sendo improvável que o futebol italiano tenha descoberto a pólvora todo ao mesmo tempo, o que explica este domínio nas provas europeias? Quer dizer, a toda poderosa Premier League tem “apenas” o City na Champions e o West Ham na Conference League e os sorteios, que favoreceram o encontro entre transalpinos na Liga dos Campeões, não explicam tudo. O que mudou este ano, então? Bem, pela primeira vez em 60 anos, Itália falhou a participação no Mundial. Por sinal, um Mundial disputado no inverno, forçando uma pausa a meio das principais ligas europeias. Que as equipas italianas tenham resistido melhor do que as restantes à quebra generalizada de rendimento nos últimos meses talvez não seja assim tão estranho. Claro que esta é apenas uma hipótese académica. Talvez seja melhor esperar pela próxima época para tirar a teima.