O Jogo

UMA HISTÓRIA DE CRENÇA E MUITA ALMA

SUPERAÇÃO Só a vitória interessav­a ao FC Porto, mas o jogo começou a sorrir para o Casa Pia. Conceição arriscou tudo, puxou pela equipa e foi premiado com a reviravolt­a

- NUNO VIEIRA

O Benfica chegou a preparar o champanhe, pois tinha o título na mão enquanto o Casa Pia vencia no Dragão, mas o FC Porto não estava para festas e protagoniz­ou uma reviravolt­a tremenda.

O FC Porto recorreu às profundeza­s da alma para arrancar os três pontos que não permitiram que o Benfica tivesse celebrado já ontem o título nacional de futebol. Na verdade, um troféu desta importânci­a não se entrega da formacomoa­scoisassee­ncontravam ao intervalo, com uma derrota em casa frente a uma equipa do meio da tabela e perante um estádio cheio de público e repleto de fé de que ainda é possível renovar a conquista da última época. As contas estão muito complicada­s, pois a equipa encarnada não dá sinais de abrandamen­to nesta fase decisiva do campeonato, mas cabe aos dragões lutarem até ao limite das suas forças enquanto a matemática der asas ao sonho.

Essa terá sido a mensagem de Sérgio Conceição nos últimos dias, mas que os jogadores não parecem ter compreendi­do na perfeição. Se assim fosse, não teriam tido entrada tão amorfa e macia na partida de ontem, frente a um Casa Pia tranquilo da vida na tabela e que possui elementos experiente­s no setor defensivo, consistent­es no meio-campo e muito perigosos no ataque, com Soma e Godwin a assumirems­ecomogrand­esdoresdec­abeça para a linha recuada portista. Aliás, o alarme soou várias vezes junto das redes de Diogo Costa e o golo surgiu mesmo antes do intervalo, um balde de água gelada que levou ao toque a reunir de que se fala na caixa em baixo.

Impunha-se uma reação forte do FC Porto no início da segunda parte, mas o verdadeiro abanão só aconteceu com a aposta certeira em Veron, num daqueles momentos de instinto dos treinadore­s. O brasileiro não tem sido muito utilizado, mas foi a primeira arma para mexer com o jogo. E não poderia ter resultado melhor, pois um minuto após a sua entrada já estava a fazer mossa, ao construir o golo que deu a Taremi a oportunida­de de empatar.

O FC Porto estava, então, relançado na partida, com a exata noção de que o empate não daria o título ao Benfica apenas por mero exercício aritmético, pois os encarnados possuem ampla vantagem no diferencia­ldegolos(59-46neste momento). Os dragões tentaram de todas as formas chegar ao golo da vitória, mas Ricardo Batista assumia-se como uma barreirapr­aticamente­intranspon­ível, isto numa altura em que o Casa Pia, que tinha sido sempre incómodo, começava inevitavel­mente a baixar as suas linhas, uma vez que a frescura física das suas unidades já não era a melhor.

O empate persistia e obrigava Conceição a novos movimentos do banco. No desespero, o técnico lançou Grujic, Toni Martínez e Namaso de uma só vez, ao minuto 84, e tantas vezes o cântaro foi à fonte que partiu mesmo, curiosamen­te (ou talvez não) com ação determinan­te do ponta-de-lança espanhol (assistênci­a) e do atacante inglês (golo). A explosão de alegria foi diretament­e proporcion­al à crença da equipa na obtenção da vitória, numa noite que esteve longe de ser perfeita, mas na qual os dragões mostraram que não falta no plantel alma para contrariar as adversidad­es, embora talvez demasiado tarde para o título ser revalidado.

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Veron foi fundamenta­l na jogada que resultaria no 1-1
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