O Jogo

“VAMOS VOLTAR MAIS FO RTES”

Mohamed Sacko viu a equipa falhar, pela segunda época, a subida e apontou as lesões como entrave nas decisões

- ANDRÉ BASTOS

O médio, 21 anos, é irmão de Falaye Sacko (ex-V. Guimarães) e está em Portugal há três anos. Agostinho Bento, com quem trabalhou no S. Martinho, levouo para o Felgueiras, e é como um pai.

Nascido no Mali, Mohamed Sacko passou uma parte da infância na Costa do Marfim, onde se defrontou com algumas dificuldad­es. Quando surgiu a hipótese de viajar para Portugal, fez testes no V. Guimarães, impulsiona­do pelo irmão, Falaye Sacko, exlateral vitoriano. Chegou a ter um pré-acordo para assinar por três épocas, mas acabou no S. Martinho, antes de chegar ao Felgueiras, onde faz um balanço positivo do rendimento individual e da campanha da equipa, apesar de ter falhado o objetivo da subida à II Liga.

Que avaliação faz da época no Felgueiras, pelo qual se estreou na Liga 3?

—Não foi uma época má, apesar de termos falhado a promoção aos play-off, como na época passada. Penso que temos de continuar a trabalhar ainda mais para uma nova promoção à II Liga. Aprendemos muito e tenho a certeza de que quem trabalha assim estará sempre mais próximo de vencer.

A equipa foi líder, mas na segunda fase só ganhou um jogo. Como explica a diferença de rendimento?

—De facto, dominámos a primeira fase, com um grande volume de jogo e um excelente futebol praticado. Acho que fomos a equipa mais regular. Na segunda fase, infelizmen­te, alguns jogadores importante­s da equipa lesionaram-se [João Santos, Landinho e Paulité], o que foi uma grande desvantage­m para o treinador e jogadores. Isso não nos impediu de lutar muito, apesar das dificuldad­es. Deus decidiu de outra forma e as outras equipas também não desistiram. Vamos preparar-nos para voltarmos mais fortes na próxima época. Acredito que, em breve, o Felgueiras estará onde merece.

Por aquilo que viu, o que o impression­ou mais, a nível de jogadores e equipas?

—É um campeonato de nível muito alto, com intensidad­e, ambiente, muito bons jogadores e muito boas equipas. Acho que foi uma excelente decisão da FPF. Aliás, vê-se pelo número de jogadores que têm aparecido aqui. Atrevo-me a dizer que a Liga 3 tem ainda mais talentos do que a II Liga.

Está em Portugal há três anos. Duas perguntas: o que o atraiu cá e se havia outras hipóteses.

—Antes de vir para Portugal, joguei no campeonato da I divisão do Mali, onde fiz uma época muito boa, o que levou o meu irmão, Falaye Sacko, a falar com os responsáve­is do V. Guimarães, para que pudesse fazer testes na equipa. O clube ofereceu-me um contrato de três anos, mas, infelizmen­te, depois da saída ex-diretor desportivo, Carlos Freitas, não chegámos a acordo. Por isso, preferi ir para o S. Martinho, clube que me ofereceu um projeto desportivo que me permitiu começar e aprender muito. Tenho de estar muito grato por tudo o que fizeram por mim.

Como recorda os tempos em África?

—Tive dificuldad­es, porque estava a viver na Costa do Marfim com a minha família e o meu irmão obrigou-me a ir para o Mali, de forma a iniciar a minha carreira. No início, foi muito difícil viver longe da minha família, a adaptação não foi fácil. Graças à minha coragem, aos meus bons costumes e à minha paciência, consegui adaptar-me e tudo começou a correr bem à minha volta.

Hoje, agradeço a Deus por ter-me aberto as portas da Europa.

Começou no S. Martinho com o Agostinho Bento e voltou a reencontrá-lo. É alguém que admira?

—O S. Martinho deu-me a oportunida­de de lançar a minha carreira na Europa. Tenho muito respeito por eles, porque este clube adotou-me e lamento vê-los despromovi­dos. Espero que assegurem a subida na próxima época, pois tenho este clube no coração. O Agostinho Bento é uma pessoa muito especial. No início, ajudou-me a falar a língua portuguesa, porque também falava francês. Ajudou-me em muitos aspetos,

que me permitiram progredir, tanto a nível técnico como tático. Desejo-lhe as maiores felicidade­s na sua carreira desportiva. É um grande homem, e aqui em Portugal toda a gente diz que ele é como se fosse um pai para mim. Nunca o vou esquecer!

O futuro será no Felgueiras? Qual é o maior sonho?

—Tenho tido alguns interessad­os, mas ainda não sei o que irá acontecer. O meu sonho de infância era assinar um contrato profission­al, algo que já consegui, mas sou ambicioso e gostava de jogar ao mais alto nível, ganhar troféus e representa­r o meu país.

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 ?? ?? ZIDANE, KANTÉ, GUEYE, KOUAMÉ E MESSI SÃO OS ÍDOLOS DE MOHAMED, QUE TEM NO IRMÃO, FALAYE SACKO, O GRANDE CONFIDENTE “Fiz testes no V. Guimarães, o clube chegou a oferecerme três anos de contrato, mas depois da saída do diretor desportivo, Carlos Freitas, não chegámos a acordo. Segui para o S. Martinho, a quem sou grato”
O Agostinho Bento é uma pessoa muito especial. Ajudou-me a falar a língua portuguesa, porque também falava francês, e a progredir, tanto a nível técnico como tático”
Mohamed Sacko Jogador do Felgueiras
ZIDANE, KANTÉ, GUEYE, KOUAMÉ E MESSI SÃO OS ÍDOLOS DE MOHAMED, QUE TEM NO IRMÃO, FALAYE SACKO, O GRANDE CONFIDENTE “Fiz testes no V. Guimarães, o clube chegou a oferecerme três anos de contrato, mas depois da saída do diretor desportivo, Carlos Freitas, não chegámos a acordo. Segui para o S. Martinho, a quem sou grato” O Agostinho Bento é uma pessoa muito especial. Ajudou-me a falar a língua portuguesa, porque também falava francês, e a progredir, tanto a nível técnico como tático” Mohamed Sacko Jogador do Felgueiras

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