“Vejo este momento com apreensão”
Sandro Mendes, antigo médio e treinador dos sadinos, teme pelo futuro do clube e recordou a descida de 2003
O ex-jogador e treinador dos sadinos aconselha o clube a fazer uma reflexão profunda para encontrar os motivos que levaram à queda de um emblema histórico no quarto escalão do futebol nacional.
Há 20 anos, o V. Setúbal foi despromovido à II divisão depois de uma época inglória, que resultou num 18.º lugar. Sandro Mendes, um dos jogadores desse plantel, e que viria a tornar-se numa figura incontornável da história dos sadinos, viu com tristeza a recente descida do clube ao Campeonato de Portugal. A O JOGO, admitiu mesmo alguma incerteza quanto às consequências. “Vejo este momento com muita apreensão, como a maioria dos setubalenses e vitorianos, por não saber qual será o futuro. Quanto à descida, foi uma enorme tristeza. Pela primeira vez, o Vitória está na quarta divisão. Foi com tristeza que vi o jogo, os acontecimentos e acompanhei a época. As coisas não correram bem”, afirmou o antigo jogador e treinador dos sadinos.
“Para ser sincero, estava confiante. Depois do jogo com o Real, com o Vitória a depender apenas de si, e com a massa adepta, que compareceu quando foi preciso, tudo levava a crer que iria conseguir, mais uma vez. O golo no minuto 89 traçou um destino que ninguém queria”, acrescentou.
Vinte anos separam as duas descidas, que, para Sandro Mendes, são incomparáveis, por diversos motivos. “A diferença mais evidente é que numa o Vitória desceu à II Liga e na outra desceu à quarta divisão. Na altura, as televisões e os jornais diziam que éramos uma das equipas a praticar melhor futebol, mas, por várias razões, talvez uma falta de competência nossa, descemos de divisão. Houve um sentimento de frustração e impotência, porque aconteciam coisas que não conseguíamos controlar, como marcar golos limpos que foram anulados e sofrer golos irregulares que foram validados. Felizmente, tenho também três subidas de divisão. Em nada se comparam as situações, mas, só quem lá esteve sabe. Imagino que o sentimento
de frustração seja o mesmo”, resumiu.
Sandro Mendes apontou à necessidade de mudanças para que o V. Setúbal volte ao com caminho. “Será preciso muita
coisa, porque, caso contrário, não estariam nesta situação. O Vitória tem gente competente que terá de repensar, porque aquilo que tem sido feito não resulta. Não é preciso ser um Einsteinparaperceberquenão está a resultar. Desportivamente, as coisas não funcionaram, mas, em termos administrativos, mesmo com as muitas dificuldades que tem, o clube está muito melhor, com condições que nunca tivemos, nem quando jogávamos na I Liga. Não estou por dentro e não me compete a mim dizêlo,porquenãoseiqualfoiaverdadeira razão para ter corrido mal, mas alguém terá de analisar. Muita coisa não está a ser bem feita”, rematou.
“O Vitória terá de repensar (...) Não é preciso ser um Einstein para perceber que não está a resultar” Sandro Mendes Ex-jogador e treinador do V. Setúbal