Lentidão da Justiça favorece prevaricadores
Enquanto o Fisco espanhol rapidamente recuperou milhões, na sequência das revelações de Rui Pinto, em Portugal a falta de meios na Justiça funciona a favor dos prevaricadores.
AAutoridade Tributária realizou mais um raide de norte a sul, com buscas nas instalações de Benfica, FC Porto, Sporting, em casas de jogadores e empresários. A “Operação Penálti” podia ser uma grande novidade se não andássemos há mais de três anos à espera de conclusões sobre a “Operação Fora de Jogo”, que também versa sobre eventuais crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal, suspeitando-se de o Fisco ter sido lesado em vários milhões de euros através de irregularidades em contratos de jogadores de futebol.
A “Operação Fora de Jogo” teve como ponto de partida documentos revelados pelo pirata informático Rui Pinto, principal dinamizador do site “Footbal Leaks”, cujo impacto percorre todo o futebol mundial. Depois de ser detido, o gaiense continuou a colaborar com as autoridades e os resultados estão à vista, direta ou indiretamente, percebendose assim o desconforto que causa em muitos dirigentes.
Como estamos em Portugal, o maior problema – e isto nem sequer tem a ver com futebol, porque a fraude e o branqueamento de capitais estão nas mais diversas áreas da sociedade – reside na morosidade das investigações. Em Espanha, por exemplo, e também tendo como ponto de partida documentos do “Football Leaks”, vários futebolistas foram obrigados a devolver milhões ao Fisco. Por cá, a escassez de meios da Justiça, gritante no que concerne à investigação de crimes de “colarinho branco”, faz com que continuemos à espera, o que se transforma num problema para a credibilidade do Ministério Público e numa bênção para os prevaricadores.