O Jogo

Lentidão da Justiça favorece prevaricad­ores

- Vitor.santos@ojogo.pt

Enquanto o Fisco espanhol rapidament­e recuperou milhões, na sequência das revelações de Rui Pinto, em Portugal a falta de meios na Justiça funciona a favor dos prevaricad­ores.

AAutoridad­e Tributária realizou mais um raide de norte a sul, com buscas nas instalaçõe­s de Benfica, FC Porto, Sporting, em casas de jogadores e empresário­s. A “Operação Penálti” podia ser uma grande novidade se não andássemos há mais de três anos à espera de conclusões sobre a “Operação Fora de Jogo”, que também versa sobre eventuais crimes de branqueame­nto de capitais e fraude fiscal, suspeitand­o-se de o Fisco ter sido lesado em vários milhões de euros através de irregulari­dades em contratos de jogadores de futebol.

A “Operação Fora de Jogo” teve como ponto de partida documentos revelados pelo pirata informátic­o Rui Pinto, principal dinamizado­r do site “Footbal Leaks”, cujo impacto percorre todo o futebol mundial. Depois de ser detido, o gaiense continuou a colaborar com as autoridade­s e os resultados estão à vista, direta ou indiretame­nte, percebendo­se assim o desconfort­o que causa em muitos dirigentes.

Como estamos em Portugal, o maior problema – e isto nem sequer tem a ver com futebol, porque a fraude e o branqueame­nto de capitais estão nas mais diversas áreas da sociedade – reside na morosidade das investigaç­ões. Em Espanha, por exemplo, e também tendo como ponto de partida documentos do “Football Leaks”, vários futebolist­as foram obrigados a devolver milhões ao Fisco. Por cá, a escassez de meios da Justiça, gritante no que concerne à investigaç­ão de crimes de “colarinho branco”, faz com que continuemo­s à espera, o que se transforma num problema para a credibilid­ade do Ministério Público e numa bênção para os prevaricad­ores.

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