A RENASCENÇA DO CALCIO
ITÁLIA Desde 1994 que não havia equipas do país nas finais das três provas europeias de clubes
O aumento do investimento proporcionou a chegada de alguns dos melhores do mundo, como aconteceu em 2018 com Cristiano Ronaldo, aumentando a qualidade do campeonato e a visibilidade.
A expressão é de Carlos Freitas, antigo diretor desportivo da Fiorentina, e ilustra com pertinência o ressurgimento do futebol italiano de clubes: esta época vive-se uma “Renascença”, com a presença de três equipas transalpinas nas três finais das competições europeias de clubes.
Depois do Inter de Milão ter garantido na terça-feira a presença no jogo decisivo da Liga dosCampeões,doisdiasdepois foi a vez de Roma e Fiorantina assegurarem a ida às finais da Liga Europa e da Conference League, respetivamente.
Um feito que já não acontecia há cerca de 30 anos, correspondendo a um período de apagamento dos clubes transalpinos, na sua generalidade, em relação à altura em que se assumiam como principal potência continental.
Entre finais dos anos 80 e inícios dos anos 90, como salienta Carlos Freitas, a Itália marcavainvariavelmentepresença nas principais decisões. Em1989tambémtrêsequipas do país garantiam as três finais, então com as denominações de Taça dos Campeões (equivalente à atual Champions), Taça dos Vencedores das Taças (realizada entre os vencedores das taças de cada país) e Taça UEFA (equivalente à Liga Europa).
Nessa época, o Milan de Rijkaard, Gullit e Van Basten, mas também de Maldini, Baresi ou... Ancelotti (então um médio de 30 anos), goleava o Steaua por 4-0 na final da prova principal, enquanto na terceira mais importante o Nápoles, de Diego Maradona, aviava o Estugarda para a sua primeira (e única até hoje) conquista extramuros. Só a Sampdória (de Toninho Cerezo, Vialli e e Roberto Mancini) perdeu nessa época, derrotada na final da Taça das Taças pelo Barcelona, por 2-0.
Italia vivia tempos de glória por essa altura, com a presença de muitos dos melhores do mundo nas fileiras dos seus clubes, e não apenas os principais emblemas, conforme relembra Carlos Freitas. E em 1990, 1993 e 1994 repetia-se o cenário, comclubes transalpinos em todas as finais.
Até ao hiato que agora teve um ponto final. Segundo aponta Freitas, a competitividade interna será uma das razões principais para este ressurgimento. Excetuando o Nápoles, esta temporada houve mais seis clubes a lutarem de igual para igual nas posições cimeiras, o que também se tinha verificado nas épocas anteriores.
A O JOGO, o treinador Daúto Faquirá lembra a importância da passagem de Cristiano Ro
“’Efeito Ronaldo’ levou a mais visibilidade e mais investimento”
Daúto Faquirá Treinador
naldo no Calcio, ao serviço da Juventus, entre 2018/19 e 2020/21: “Por um lado tem havido um investimento forte das principais equipas Italianas, com a Serie A a ser neste momento a segunda que mais investe na Europa. Lautaro Martinez, Di María, Vlahovic, Pogba, Dybala , Abraham , Rafael Leão, Lukaku ou Wijnaudium são exemplos. E a partir de 2018, com benesses fiscais concedidas pelo governo aos clubes, juntando o ‘efeito Ronaldo’, que levou a uma maior visibilidade do Calcio e, consequentemente, a um maior investimento dos clubes e também a um novo olhar tático dos treinadores, que começaram a afastar-se de uma tendência defensiva na construção ideológica do seu jogo. Todos estes factores concorreram para um crescimento exponencial do Calcioeparaumfortalecimento das suas equipas.”