ALTA VOLTAGEM PARA NÃO ABRIR MÃO DO ESCUDO
Em 90’ cheios de histórias, o Famalicão anulou uma desvantagem de dois golos, mas o FC Porto insistiu e recuperou-a. Benfica tem hoje match-point
No dia em que selaram a 27.ª presença na Champions, os dragões levaram a discussão do título até ao limite do seu controlo. Taremi fez póquer num jogo com três penáltis para um lado e um para o outro.
●●● Já percebemos: FC Porto e Famalicão poderiam encontrar-se mais umas três ou quatro vezes nos próximos meses, especialmente em terras minhotas, que iríamos sempre ter um jogo entretido e ligado à corrente. Independentemente do peso do ruído e da crispação que saíra do recente encontro anterior, no Dragão, o que importa realmente é que falamos de duas equipas viradas para a frente, sustentadas em técnica, velocidade e entreajuda. Não surpreende que tenha sido mais um jogo cheio de golos, ainda que sim, também prometa polémica nas guerrilhas de discussão do costume.
O FC Porto entrou em campo acabadinho de saber que a entrada direta na Liga dos Campeões já estava garantida, em virtude do empate do Braga com o Boavista, mas precisava de vencer para alimentar a ténue esperança matemática no título. Sejamos francos: para os dragões, a diferença entre um empate e uma derrota seria a mesma que entre nada e coisa nenhuma. Ao vencer por 4-2, simplesmente, o FC Porto levou esse debate até ao limite do seu controlo. Agora, já não depende de si e o Benfica celebra já hoje se vencer em casa do Sporting.
Era também uma questão de orgulho e o Fama poderia dizer o mesmo. Com o triunfo do Arouca, horas antes, caíra por terra o objetivo europeu, mas havia uma despedida da sua casa para fazer, com os adeptos a viverem cada lance com o máximo de emoção. À semelhança do que acontecera na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, os dragões tiveram uma entrada fortíssima. Os cerca de 40 milhões de euros da UEFA pelo apuramento não estavam a pesar nos bolsos. Em dez minutos, já estava 2-0 com bis de Taremi e já depois de Eustáquio ter falhado um golo feito: primeiro de penálti (que teve de ser repetido por invasão de área de Riccieli ), depois na cara de Luiz Júnior, após uma assistência primorosa de Otávio. Só que também em linha com que acontecera na última visita do FC Porto ao Municipal, o Famalicão demorou a perceber como é que con seguia soltar-se do espartilho montado pelo adversário, mas teve uma resposta fulminante. Ainda apanhou uns sustos, numa fase em que começava a equilibrar um pouco as coisas. Contudo, também faturou a dobrar em cerca de dez minutos. Iván Jaime, de cabeça, qual matador, deu vida à equipa (33’) e Colombatto, na conversão de um penálti (44’), soltou todos os gritos das entranhas da equipa da casa. O jogo estava elétrico, partido em alguns momentos, e com altas expectativas para o segundo tempo.
O Famalicão, menos habituado a ritmos tão intensos, começou porre sistirà tentação de recuar e o FC Porto não se precipitou na circulação. Mesmo que nem sempre definisse bem, o domínio ganhou robustez deforma gradual e lá veio um par de golos num abrir e fechar de olhos outra vez. Agora sinalizados pelo VAR, Taremi voltou a ser chamado para dois penáltis e fez póquer. O iraniano chega ao topo dos artilheiros da I Liga e Sérgio ao dos treinadores do FC Porto com mais vitórias na competição, 160, mais um ado que José Maria Pedro to.