CICLO DOURADO PORTISTA ARRANCOU HÁ 20 ANOS
Dragões levantaram a Taça UEFA há precisamente duas décadas, o primeiro de três troféus internacionais seguidos. Derlei e Maniche puxam a fita atrás para recordar a louca final
Com José Mourinho no comando técnico, o FC Porto bateu o Celtic num jogo de emoções fortes, disputado em Sevilha. Seguir-se-iam, já em 2004, a Liga dos Campeões e a Taça Intercontinental.
Os termómetros de Sevilha marcavam quase 40 graus no final da tarde de 21 de maio de 2003, servindo de prenúncio ao calor da festa que se faria em tons de azul e branco. Só ao cabo de 120 minutos de jogo é que o FC Porto pôde celebrar a vitória na Taça UEFA, no Estádio Olímpico La Cartuja, batendo o Celtic por 3-2, numa final que deu o pontapé de saída para um ciclo dourado na história portista. Vinte anos depois dessa conquista, O JOGO desafiou Derlei e Maniche, dois dos protagonistas dessa epopeia e das que se seguiriam, a puxarem atrás a fita do tempo e ficou comprovado que duas décadas não foram suficientes para enublar a memória. “Marcar dois golos numa final europeia é um privilégio enorme e, além do cenário individual, foi muito importante para o desporto português, porque ninguém tinha vencido a competição”, recorda Derlei, MVP da final com os escoceses, depois de marcar o primeiro e terceiro golos do FC Porto, e melhor marcador da prova. O segundo foi de Alenichev e, do outro lado, estava um endiabrado Henrik Larsson, que também bisou. O “Ninja”, porém, rejeita o rótulo de herói. “Todos sabiam que o jogador diferenciado era o Deco. Fui apenas o escolhido por Deus para marcar dois golos na final”, sustenta.
Ao leme estava José Mourinho, que, mais do que treinador, era o líder espiritual dos dragões. “Tínhamos de explorar muito o campo emocional e isso foi conseguido através dele”, explica Maniche, que sentiu a força transmitida pela nação portista através da televisão. “Estava no quarto com o Nuno Valente, ligámos a TV e vimos os adeptos a falarem da final, cheios de sentimento. Até fico com a lágrima no olho. Foi crucial vê-los para dar uma resposta cabal em campo”, acrescenta o ex-jogador, que elege a final de Sevilha como a que mais gostou de ganhar.
Esse foi também o dia em que nasceu uma frase eternizada nos livros. “Mourinho dissenos: as finais não são para se jogar, são para ganhar. Palavras que marcam”, atira Derlei. Uma máxima levada à letra no ano e meio que se seguiu, ainda com o “Ninja” e Maniche: à Taça UEFA, o FC Porto juntaria, já em 2004, a Liga dos Campeões, ainda com o “Special One” no banco, e a Taça Intercontinental, já com Víctor Fernández. Uma era escrita em tons de dourado na história do clube e do futebol nacional.
“Todos sabiam que o jogador diferenciado era o Deco. Fui apenas escolhido por Deus para bisar na final” Derlei Vencedor da Taça UEFA 2002/03
“Eu e o Nuno Valente ligámos a TV e vimos os adeptos a falarem da final, cheios de sentimento. Até fico com a lágrima no olho” Maniche Vencedor da Taça UEFA 2002/03