Pequeno milagre
Quando o Vitória entrar hoje em campo, há coisas que já são certas. É certo que ficará entre o quinto e o sexto lugar. E é certo que conquistou o direito a participar nas competições europeias, pois este ano o sexto lugar dá direito a esse passaporte. De notar que o Vitória, desde os anos noventa que não conseguia repetir essa mesma participação.
Há duas formas de olhar para isto. De forma objetiva e abstraindo-nos do nosso ponto de partida, a conquista de um sexto posto não nos deveria entusiasmar por aí além, pois apenas o quinto lugar corresponde ao que é exigível a um clube da dimensão do Vitória. O objetivo Europa é obviamente muito positivo, mas é diferente a forma como ele é alcançado: se com o sexto (como foi, por exemplo, na época passada) ou se pela via do tal quinto lugar.
Mas é preciso ser realista e avaliar a época atendendo à forma como tudo aconteceu: com uma direção nova; tendo ficado sem diretor desportivo e sem treinador ainda a bola não rolava; com um treinador em estreia; com um plantel reformado de alto a baixo e assente em gente muito nova e prata da casa. Ora, com estes pressupostos, o que aconteceu foi um pequeno milagre. E sê-lo-á sempre, independentemente do que acontecer nos últimos dois jogos.
Aqui chegados, todavia, há que mostrar ambição e lutar pelo quinto lugar com unhas e dentes. Não só por razões, digamos, simbólicas, pois que ele corresponde ao tal patamar mínimo que devemos almejar, mas também por razões de calendário, já que nos permitirá começar a próxima época na altura devida, sem aquela pressa que acaba sempre por se fazer pagar em estádios mais avançados da temporada. Em qualquer caso, é bom que a próxima época seja preparada com redobrado cuidado e esmero, pois esse vai ser um ano decisivo na consolidação que se deseja no percurso do Vitória. O clube precisa de uma campanha europeia que passe das pré-eliminatórias e necessita igualmente de, pela segunda vez na sua história, garantir três apuramentos europeus consecutivos.
Só assim conseguiremos consolidar o nosso percurso e prosseguir um caminho que todos desejamos: o da aproximação aos emblemas que têm ficado de forma consistente à nossa frente nos últimos largos anos. O dia de hoje deve, por isso, ser encarado já como o primeiro da época 2023/2024.