Guerra e paz
Na hora das decisões o nervosismo impera e muitos perdem a cabeça, seguindo os deploráveis exemplos dos DDT. Agressões, roubos (ou não), câmaras de vigilância com apagões e sem VAR, contos do vigário, mentiras, enredos de qualidade duvidosa são os guiões de óperas bufas que mostram que futebol e política andam a par. Ao menos se fosse comédia! Veja-se o clima de tensão máxima, incontinência de emoções, acusações a torto e a direito, ameaças e comportamentos impróprios, sobretudo em jogos de Benfica e Porto, Sporting, Braga e outros useiros e vezeiros em cenas terceiro mundistas. É o pão nosso de cada dia que escalou nos últimos meses, quando a roda começou a desandar. Cabeça fria e ponderação precisam-se, e que actores principais e outros que nada fazem para melhorar o ambiente sejam punidos. Quem será campeão e vai à Europa, quem desce, sobe ou manda, serão este ano uns e outros noutros. Transferências e contratações fantásticas, mais despedimentos sumários a viva voz ou por mensagem vão encher páginas e fazer a delícia dos comentadeiros, como é habitual. A justiça investiga não sei quantos casos ao longo de não sei quantos mais anos, agora com a Operação Penálti, sem saber se marca golo ou a bola vai fora. O que muda? O pântano aí está, na política, no futebol, nas atitudes dos que manobram poder e dinheiro, agravado pela ausência de ideias e pessoas inspiradoras para fazer deste um País exemplar – no bom sentido. Contudo, podemos orgulharnos de exemplos motivadores como Fernando Pimenta, com mais umas medalhas de ouro para a valiosa colecção; ou João Almeida, a fazer um grande Giro de Itália, 3º e com aspirações à vitória intactas; ou o pequeno genial Bernardo Silva, humilde e com a cabeça no sítio mesmo após Guardiola, e o mérito do próprio trabalho, o elevar ao patamar das grandes estrelas. Ou Mourinho, que levou a Roma à final da Liga Europa, a sexta da carreira, com o saldo 100% vitorioso que esperamos mantenha. Nas críticas à realização das Jornadas Mundiais da Juventude ou os concertos dos Cold Play, cujos retornos directos e indirectos multiplicam em muito os investimentos autáquicos, só vejo mesquinhez. Os Presidentes das Câmaras de Lisboa e Coimbra estão de parabéns pelos eventos que trouxeram. As melhores organizações constroem-se por quem sabe e traça objectivos partilhados por todos. Com ideias, ambição e trabalho árduo. Não estamos condenados à pequenez nem à irresponsabilidade dos “artistas” que nos sufocam.