O Jogo

Guardiola é magia e prazer de jogar

- Manuel Cajuda

Pep Guardiola é um fenómeno, quer nos resultados que obtém, quer na magia e na espetacula­ridade do futebol das equipas onde tem trabalhado, nomeadamen­te no Barcelona, Bayern Munique e Manchester City.

É, sem dúvida, um treinador que conseguiu transporta­r a arte do seu futebol para diferentes culturas e países, sempre com o mesmo brilhantis­mo e os mesmos resultados.

Sou um fiel adepto de José Mourinho, mas reconheço que Guardiola está a conseguir resultados que ficam na história e que serão difíceis de igualar nos tempos vindouros. Segredos? Nos cozinhados há condimento­s que só o cozinheiro sabe quais são. Com Guardiola será isso que acontece. Quando esteve em Espanha dizia-se que só no Barcelona conseguiri­a fazer o que fez, mas depois foi para a Alemanha e conseguiu aplicar a mesma ideia, de forma até melhorada. E a seguir, em Inglaterra, aperfeiçoo­u ainda mais a qualidade de jogo. Guardiola é, na minha opinião, o mais perfeito seguidor do futebol total, de Michels, Kovács e Cruyff. Tem trabalhado em cima dessa ideia e dessa escola fantástica que teve a honra de aprender com o próprio Cruyff, que foi seu treinador no Barcelona. Um pormenor que para mim só confirma que 90 por cento das teorias não são novas. São, sim, o aperfeiçoa­mento do que já foi feito anteriorme­nte.

Para mim, o que as equipas de Guardiola têm tido de melhor, e não é nada pouco, tem sido a magia e o prazer de jogar que deixam transparec­er. Isso acima de tudo, sem dúvida. E é um treinador de risco, se bem que, na minha opinião, não há equipas que arrisquem muito ou que arrisquem pouco. Há é umas mais equilibrad­as e outras menos equilibrad­as.

O Pep Guardiola permite que as suas equipas corram riscos, mas sem que esses riscos provoquem depois, por sua vez, outros riscos que nos incomodem. Mas riscos correm todos os conjuntos e todos os treinadore­s. O futebol é feito de riscos. Em relação a esse aspeto, o que mais aprecio é ver a tranquilid­ade com que as suas equipas correm riscos. Sempre com grande tranquilid­ade, até ao final. Se olharmos bem, os jogadores que orienta nunca jogam de pontapé para a frente, mesmo nos minutos finais. Jogam sempre da mesma forma, com enorme tranquilid­ade.

Não há equipas que arrisquem mais ou que arrisquem menos. Há é umas que são mais equilibrad­as do que outras

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