“NEVES SEMPRE TEVE TUDO”
RUI BENTO Antigo treinador dos Sub-19 de Portugal, onde orientou o médio, destaca o “conhecimento de jogo” do agora dono do miolo da Luz
Decisivo no dérbi com o golo do 2-2, o jovem prepara-se para fazer, ante o Santa Clara, o sexto desafio seguido no onze. Rui Bento vê o camisola 87 preparado para lidar com a ascensão meteórica.
“Grande surpresa” do final de época do Benfica, como assumiu Roger Schmidt, João Neves segue a sua afirmação de águia ao peito e prepara-se para somar o seu sexto jogo seguido como titular das águias. Desde o embate com o Estoril, na primeira titularidade de João Neves, a constante no miolo encarnado tem sido o camisola 87, que já fez parceria com Florentino e Chiquinho. Este é um percurso visto como natural por Rui Bento, que orientou o jovem nos Sub19 de Portugal. Tudo por “culpa” das qualidades do médio. “Às vezes temos jogadores com muito talento, mas a quem falta algo. O João tem tudo e sempre teve. Já demonstrava isso quando o treinei. Não são muitos os jogadores que apanhamos com os quais sentimos isso. Além de todo o talento e capacidade, possui um conhecimento do jogo muito evoluído. Quando se tem isso consegue-se jogar a níveis superiores”, atira a O JOGO o agora selecionador do Kuwait.
“O talento é dele, era um dos que tinha tudo para se afirmar. Pode fazer uma carreira bonita. Agora tem um trajeto a fazer. No futebol não conta apenas uma época, há que se afirmar todas as épocas”, realça.
Presente nas bancadas do Estádio José Alvalade para assistir ao dérbi de domingo, Roberto Martínez, selecionador de Portugal, mostrou-se espantando com a atuação do camisola 87, frisando ser algo típico de alguém mais velho. Rui Bento realça que a “maturidade acima da idade” é uma qualidade do atleta .“Tem uma forte mentalidade. Com características diferentes, o João Mário também era um jovem já com maturidade e um entendimento de jogo diferente. O João também era desses. Via-o e pensava: ‘Este miúdo tem um conhecimento de jogo que é anormal’.”
JoãoNevesestreou-seamarcar no Sporting-Benfica, valendo o empate a duas bolas ante o rival. Para Rui Bento, o centro-campista é alguém capaz de desempenhar qualquer função que o técnico lhe peça. “Pode até jogar mais à frente em relação ao que tem feito, mas é um jogador com capacidade para se enquadrar no que for preciso fazer. Além da capacidade individual que tem em termos técnicos, ele ataca e defende com êxito porque consegue perceber o que é preciso fazer e tem capacidade para fazê-lo. Ele entende o jogo. E para quem percebe o jogo o futebol é fácil. Ele vê e tem um entendimento de jogo que lhe permite ter boas ações”, refere Rui Bento, elogiando também a “atitude certa” do jovem futebolista “no treino”. “Não precisa de ser motivado para treinar-se, ele desfruta disso, o que ajuda”, diz, defendendo que o jovem “não deve pensar” em ser o sucessor de Enzo Fernández na Luz.
Em ascensão de águia ao peito, João Neves vai saber lidar
João Neves soma até ao momento 540’ na equipa principal do Benfica em 19 partidas. Estreou-se a marcar como sénior em Alvalade. Tem ainda uma assistência, no 5-1 ao Brugge.
com o estatuto agora ganho, garante Rui Bento. “Ainda têm dúvidas ?”, atira, explicandoque a evolução e afirmação do médio“nãoé”,p ara si, que conhece “muito bem” João Neves, “uma total surpresa”. “Agora o desafio é dar continuidade. Apareceu, agora é mostrar que pode continuar. Ele já está no topo, mas quem quer fazer carreira no futebol enfrenta um nível de competitividade terrível”, sublinha, revelando que o agora titular do Benfica não precisa de muitas indicações para entender o que é pedido. “Falava com ele como falava com todos, dizia-lhe o que pretendia e o que a equipa precisava dele. E há jogadores com os quais às vezes falamos uma ou duas vezes e eles fazem, com ele não havia necessidade de falar mais”, recorda.
RUI BENTO
“Ele entende o jogo. E para quem percebe o futebol é fácil. Via-o e pensava: ‘Este miúdo tem um conhecimento de jogo que é anormal”
“Tem uma maturidade acima da idade”
“Há jogadores com os quais falamos uma ou duas vezes e eles fazem. Com ele não havia necessidade de falar mais”