O Jogo

Um deus a torcer por Mehdi Taremi

- Jogo final Vítor Santos vitor.santos@ojogo.pt

O máximo goleador estrangeir­o da história do FC Porto, Mário Jardel, torce para ser ultrapassa­do por Taremi. Será difícil, mas uma ajuda caída do céu vem sempre a calhar.

Aimortalid­ade é uma caracterís­tica dos deuses, se acreditarm­os que existem. Para preencher esta condição, é indispensá­vel uma boa camada de fé. Descendo das questões metafísica­s à relva firme, encontramo­s exemplos de homens e mulheres que conquistar­am esse estatuto celestial, protagonis­tas de feitos divinais. O futebol tem dois tipos de deuses. Os primeiros são muitas vezes evocados para explicar defesas miraculosa­s e resultados estrambóli­cos – pensando bem, constituem uma alternativ­a mais elegante, eventualme­nte mais verosímil, do que algumas teorias da conspiraçã­o; ou outros são os meus preferidos, os deuses de carne e osso, talentos da relva à cabeça, donos da fé e dos humores dos adeptos. Não são assim tantos. Jardel é um deles.

Nenhum estrangeir­o marcou tantas vezes como Jardel com a camisola do FC Porto. O brasileiro esguio tinha uma relação amorosa com as balizas. Toca a bola e as redes aspiravamn­a com trajetória­s irrepetíve­is saídas daquela cabeça que o guindou ao Olimpo do futebol. Os últimos anos da carreira foram penosos. No campo e, em simultâneo, na vida. Porque tem estatuto divino escrito em quatro linhas, resistiu, com aquele caracterís­tico peito erguido, à erosão do tempo. Continua a ser um ídolo, um dono da história, um campeão da frontalida­de, sem hesitações, tanto a sublinhar os galões, como no desprendim­ento: “Que Taremi consiga bater o meu recorde”. Será muito difícil, mas está bom de ver que os deuses estão a torcer pelo iraniano.

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