O Jogo

Só o sorriso de Neno seria capaz de juntar tanta gente

Uma homenagem ao antigo guarda-redes vitoriano, que faleceu há dois anos, juntou ontem no D. Afonso Henriques ex-colegas para uma festa com fim solidário

- CRISTINA AGUIAR

“O Legado de Neno” celebrou-se, ontem, com música e um jogo de futebol solidário, com as receitas a reverterem a favor das associaçõe­s Projeto a Palavra, Cercigui e Casa da Criança.

Houve festa no Estádio D. Afonso Henriques pela memória de Neno, falecido há dois anos. A homenagem ao antigo guarda-redes do Vitória juntou o passado e o presente num relvado onde muitos ex-jogadores que formaram a equipa “O Legado de Neno” e o treinador Manuel Cajuda celebraram tempos de glória. Aos 71 anos, Cajuda fez mais de 600 quilómetro­s, desde o Algarve, de propósito, para honrar a memória do ex-guarda-redes, que integrou a sua equipa técnica entre 2006 e 2009.

“Eu sabia quando ele chegava pela gargalhada que dava no balneário”, recorda Cajuda, neste breve regresso a Guimarães, onde não o esqueceram. Os adeptos, ontem, fartaramse­deochamarp­araafotogr­afia. “Quando treinei o Vitória, só me acontecera­m coisas boas e eles pensam que sou milagreiro [risos] Querem que volte? É impossível nesta altura”, disse, em jeito de graça, até porque tem muita estima por Moreno, isto apesar de este lhe ter partido uma perna, num choque de carrinho, durante um treino, num dia de muita chuva.

Foioúnicoi­ncidentequ­eManuel Cajuda reteve da sua passagem pelo clube que mais o “marcou em termos de carinho” e que ajudou a devolver à I Liga. Terminou em terceiro lugar, em 2007/08. Esse é, de resto, um lugar que diz ser consentâne­o com os pergaminho­s do V. Guimarães, que “merece estar muito acima”, e já aconselhou Moreno “a fugir da paixão” com que se expressa. “É muito bom treinador”, frisou Cajuda.

Neno era uma pessoa de consensos e foi nisso que os participan­tes se centraram na tarde de ontem. “Muita gente veio de longe para estar aqui, porque a família do Neno e o Vitória merecem. Acolheram Neno como um filho”, realçou Jorge Andrade, que jogou pela equipa adversária, contra a de Targino, outro nome ligado ao Vitória e à energia de Neno. “É um momento marcante relembrálo pelo carinho e alegria que tanto nos transmitia”, recorda o ex-avançado.

Não há como esquecer Neno, nem mesmo Francis Obikwelu, que, no pouco tempo que privou com ele, sentiu que “era uma pessoa que enchia o coração” e o levou, agora, a conhecer o Estádio D. Afonso Henriques. Não se viram os sprints do campeão de atletismo, mas o jeito com a bola nos pés. Bola é, ainda assim, um assunto maisaojeit­odeNandinh­o,que, quando chegou a Guimarães, em 1999, teve Neno a ajudar “na integração.” Dimas não tem dúvidas. “Esta festa é o que ele gostaria que fizéssemos”, sublinhou o antigo defesa, que só voltou a calçar as chuteiras por Neno.

“É o amigo, é o ex-colega. Desloquei-me de propósito, desde o Algarve. Foi a melhor pessoa que encontrei” Manuel Cajuda Ex-treinador do V. Guimarães

“Este é ‘O legado do Neno’, o irmão da minha vida. Esta é a festa que ele gostaria que fizéssemos” Dimas Ex-Defesa do V. Guimarães

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