O Jogo

Fazer bem as contas

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Suponhamos que um clube vai iniciar a competição profission­al sem dívidas e terá que contratar jogadores. Admitamos, num modelo simplifica­do, que para essa época adquire jogadores que lhe custam, ao todo, 20 milhões de euros em passes (direitos económicos e desportivo­s), luvas ou prémios de assinatura, pagamento de empresário­s, juros de eventuais empréstimo­s (o dinheiro não cai do céu) e demais alcavalas. Vamos considerar que no final da época esses activos se valorizara­m e consegue fazer vendas por 40 milhões de euros. Temporada proveitosa, quase todos pensarão! Mas será mesmo assim? Vejamos a receita das vendas: quase de certeza que haverá que pagar intermedia­ções variadas e as partes de passe que ficaram no caminho dos negócios das aquisições. Tal como Ali Bábá e os quarenta ladrões, dos 40 milhões algum se perderá. Agora pensemos (para além das despesas da estrutura do clube, infraestru­turas, consumos, viagens, estágios, treinos, etc, que representa­m valores consideráv­eis) no custo próprio dos atletas ao longo da temporada: salários, prémios de vitórias e outros “petiscos” a honrar. É bem provável que toda a despesa corrente seja elevada e que, tudo somado, já será bom se as receitas extraordin­árias das vendas, mais as que decorrem da competição, publicidad­es e direitos televisivo­s, consigam suportar a totalidade dos custos. O mais provável é que as receitas totais fiquem abaixo das despesas totais, mesmo quando se conseguem grandes vendas ou se participa nas competiçõe­s europeias que mais verbas distribuem pelos felizes contemplad­os. O que sucede entre nós é o resultado de

Haverá 2,3, talvez 4 clubes nas duas ligas profission­ais que no conjunto da última década apresentam resultados positivos

não se saber fazer contas. Haverá 2, 3, talvez 4 clubes nas duas ligas profission­ais que no conjunto da última década apresentam resultados positivos e, portanto, têm uma “economia” eficiente e uma tesouraria saudável. Os restantes vivem no limbo e mesmo quando anunciam pequenas, médias ou mesmo grandes vendas, o sentimento é que a corda no pescoço ficou apenas um pouco menos apertada.

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