Schmidt vai ter tudo, menos desculpas
OBenfica partiu à frente dos rivais para a época 2023/24. Não é a primeira vez que acontece. Aliás, os encarnados parecem ter mantido o hábito ganho ao longo das últimas temporadas, quando a obrigação de disputa das préeliminatórias da Liga dos Campeões tornou urgente a definição prematura dos plantéis para garantir o acesso aos milhões da prova milionária. Claro que este ano, com acesso direto à fase de grupos assegurado pela conquista do título, a entrada antecipada no mercado é tão só uma questão de gestão. Os milhões assegurados pela venda de Enzo Fernandez em janeiro, mais as receitas acumuladas com a presença nos quatros de final da Champions dão fôlego aos encarnados para atuarem no mercado ainda antes do final do atual exercício sem colocarem em risco o necessário equilíbrio financeiro. É mais do que podem dizer alguns dos rivais, com o FC Porto, por exemplo, dependente de vendas realizadas até ao final deste mês para equilibrar as contas, adiando eventuais movimentos de entrada no plantel para mais tarde. Como qualquer “chef ” será capaz de confirmar, quem chega mais cedo ao mercado apanha os produtos mais frescos e, provavelmente, a melhor preço. Mais cedo ou mais tarde, os grandes tubarões europeus vão começar a injetar dinheiro no sistema inflacionando
valores, o que é excelente para quem vende, mas péssimo para quem compra. Percebe-se, então, que o Benfica tenha pressa de comprar e paciência para vender. E percebe-se, também, pela dimensão do investimento realizado, particularmente em Kokçu, que o Benfica aposta forte na recandidatura ao título que acabou de conquistar. Claro que, com grande poder económico, vem grande responsabilidade. Não é a primeira vez nos últimos quatro anos que o Benfica investe muito acima daquilo que são os limites dos rivais (mais de 320 milhões de euros gastos em reforços desde 2019/20), nem é a primeira vez que a crítica lhe atribui, não só o favoritismo, mas também a obrigação de ser campeão. Foi
assim em 2020/21, com mais de 115 milhões de euros investidos na contratação de Darwin, Everton Cebolinha, Pedrinho, Lucas Veríssimo ou Lucas Waldschmidt e, no entanto, o campeão foi o Sporting que gastou cerca de 35 M€. Num campeonato onde o desequilíbrio entre os grandes e os outros é tão grande e a margem de erro na corrida ao título é tão curta, muitas vezes são os detalhes mais pequenos que fazem as maiores diferenças. Uma coisa é certa: a manter este nível de investimento, Rui Costa garante pelo menos que se algo correr mal, ninguém vai poder dizer que não deu todas as condições a Schmidt para ter sucesso. Delegar responsabilidades: eis a marca de um grande gestor.