O Jogo

Schmidt vai ter tudo, menos desculpas

- Jorge Maia

OBenfica partiu à frente dos rivais para a época 2023/24. Não é a primeira vez que acontece. Aliás, os encarnados parecem ter mantido o hábito ganho ao longo das últimas temporadas, quando a obrigação de disputa das préelimina­tórias da Liga dos Campeões tornou urgente a definição prematura dos plantéis para garantir o acesso aos milhões da prova milionária. Claro que este ano, com acesso direto à fase de grupos assegurado pela conquista do título, a entrada antecipada no mercado é tão só uma questão de gestão. Os milhões assegurado­s pela venda de Enzo Fernandez em janeiro, mais as receitas acumuladas com a presença nos quatros de final da Champions dão fôlego aos encarnados para atuarem no mercado ainda antes do final do atual exercício sem colocarem em risco o necessário equilíbrio financeiro. É mais do que podem dizer alguns dos rivais, com o FC Porto, por exemplo, dependente de vendas realizadas até ao final deste mês para equilibrar as contas, adiando eventuais movimentos de entrada no plantel para mais tarde. Como qualquer “chef ” será capaz de confirmar, quem chega mais cedo ao mercado apanha os produtos mais frescos e, provavelme­nte, a melhor preço. Mais cedo ou mais tarde, os grandes tubarões europeus vão começar a injetar dinheiro no sistema inflaciona­ndo

valores, o que é excelente para quem vende, mas péssimo para quem compra. Percebe-se, então, que o Benfica tenha pressa de comprar e paciência para vender. E percebe-se, também, pela dimensão do investimen­to realizado, particular­mente em Kokçu, que o Benfica aposta forte na recandidat­ura ao título que acabou de conquistar. Claro que, com grande poder económico, vem grande responsabi­lidade. Não é a primeira vez nos últimos quatro anos que o Benfica investe muito acima daquilo que são os limites dos rivais (mais de 320 milhões de euros gastos em reforços desde 2019/20), nem é a primeira vez que a crítica lhe atribui, não só o favoritism­o, mas também a obrigação de ser campeão. Foi

assim em 2020/21, com mais de 115 milhões de euros investidos na contrataçã­o de Darwin, Everton Cebolinha, Pedrinho, Lucas Veríssimo ou Lucas Waldschmid­t e, no entanto, o campeão foi o Sporting que gastou cerca de 35 M€. Num campeonato onde o desequilíb­rio entre os grandes e os outros é tão grande e a margem de erro na corrida ao título é tão curta, muitas vezes são os detalhes mais pequenos que fazem as maiores diferenças. Uma coisa é certa: a manter este nível de investimen­to, Rui Costa garante pelo menos que se algo correr mal, ninguém vai poder dizer que não deu todas as condições a Schmidt para ter sucesso. Delegar responsabi­lidades: eis a marca de um grande gestor.

 ?? ?? Rui Costa dá trunfos a Roger Schmidt
Rui Costa dá trunfos a Roger Schmidt
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